por ANGELO MARIANO NUNES CAMPOS

Bacharel em Turismo
(Universidade Federal do Pará, 2004), Pós-Graduado na
Especialização Docência e Metodologia de Pesquisa em
Turismo (UFPA, 2004 - 2005) e Professor do Curso de
Turismo e Hospitalidade do CEFET/PA e da Faculdade de
Belém (FABEL)

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A Prática de ensino dos docentes do Curso de Turismo do CEFET/PA - uma análise centrada na metodologia do ensino

 

Angelo Mariano Nunes Campos

 

Resumo

O presente trabalho mostra o tema “Docência em Turismo”, como uma atividade que visa proporcionar o desenvolvimento do ensino-aprendizagem com qualidade, através do estudo da metodologia de ensino. A metodologia usada durante o trabalho é a pesquisa qualitativa descritiva do estudo de caso acerca da metodologia de ensino utilizada pelos docentes do curso de Turismo e Hospitalidade do Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará – CEFET/PA. O trabalho responde aos seguintes problemas: qual a principal metodologia de ensino utilizada pelos professores e quais as avaliações que os professores e alunos fazem sobre a metodologia de ensino do curso. Com isso, o trabalho conclui que a avaliação dos alunos sobre a metodologia de ensino é boa, pois possui um grande dinamismo; já os professores afirmam que suas metodologias são excelentes, devido à satisfação e desempenho dos alunos; e for fim a principal metodologia de ensino é aquela que alia teoria e  prática ao final de cada disciplina. 

Palavras-chave: Turismo. Docência. Metodologia de ensino.

Abstract

This work shows the subject "Teaching in Tourism", as an activity that it aims at to provide the development of the teach-learning with quality, through the study of the education’s methodology. The methodology used during this work, was the descriptive and qualitative research about the methodology of education used for the professors of the Tourism and Hospitality’s course of the Federal Center of Technological Education of Pará – CEFET/PA. The following problems was answered: Which the main methodology of education used for the professors and What think the professors and students about the methodology of education of the Tourism’s course. In this way, the work concludes that the student’s evaluation about the education methodology is good, because of the dynamism; but the professors affirm that its methodologies of education are excellent, had the satisfaction and performance of the students; e finally, the main methodology of education is that one that unites the theory and the practical one to the end of each disciplines.

Words-key: Tourism. Teaching. Education’s Methodology

 

Introdução

Os cursos de Turismo no Brasil vêm passando por um crescimento numérico elevado desde 1995, mas em contrapartida a qualidade destes cursos não acompanha tal crescimento. Isso se caracteriza na falta de professores pós-graduados (mestres e doutores), com projetos políticos pedagógicos sem ênfase na realidade local, na falta de professores que possuam o título de bacharel em turismo e no baixo índice de profissionais com condições para preencher as vagas disponíveis para a docência, provocando assim a formação de profissionais que não conseguirão suprir todas as necessidades da área do Turismo (TRIGO, 2000; TEIXEIRA, 2001). Dessa forma, para que os alunos em formação nos cursos de Turismo saiam com um diploma ou certificado reconhecido e que justifique obter uma chance no mercado de trabalho, se faz necessário que as instituições de ensino revisem a atitude de abrir novos cursos sem possuir, por exemplo, um corpo docente significativo em número e títulos, o que garante a qualificação desses profissionais e dos futuros cursos de Turismo.

Na busca por essa qualificação profissional, isto é, numa constante melhoria do desempenho no trabalho, um dos caminhos que os docentes podem seguir é querer conhecer mais sobre a metodologia do ensino. Pois através do conhecimento deste tema, pode-se, por exemplo, desenvolver o planejamento de ensino corretamente elaborado, ajudando os alunos a atingir o objetivo de aprender e produzir conhecimento (LUCKESI, 1994).

Com isso, chegou-se ao tema da pesquisa para este projeto que é a “Docência em Turismo”, com o objeto de estudo chamado: A prática de ensino dos docentes do Curso de Turismo do CEFET/PA: uma análise centrada na metodologia do ensino.

Para a elaboração deste trabalho foram utilizados os resultados de uma pesquisa de campo, uma base teórica e a interação com as comunidades docente e discente do Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará – CEFET/PA, propiciando uma melhor visão daquilo que pode ser benéfico dentro da proposta para esta comunidade.

É proposto neste trabalho, através do estudo da metodologia de ensino, mostrar que a possibilidade de uma melhor qualificação dos professores é importante para o ensino, pois com o aprofundamento no estudo e o uso de métodos, técnicas e recursos de ensino podem contribuir, principalmente, com a concretização de um dos objetivos da educação, que é a produção de novos conhecimentos na área do Turismo, garantindo dessa forma a relevância da utilização de uma metodologia mais qualificada na prática docente. Isso influenciará os professores e os alunos a desenvolverem, da melhor forma possível, suas futuras aulas, pois é válido “[...] dizer que os métodos de ensino são as ações do professor pelas quais se organizam as atividades de ensino e dos alunos para atingir objetivos do trabalho docente em relação a um conteúdo específico” (LIBÂNEO, 1994, p. 152).

A partir desse cenário, pretende-se responder a três questões de investigação, que são fundamentais para se alcançar a essência de um projeto de pesquisa, ou seja, a descoberta do algo que se estuda no objeto do trabalho. As questões são: Qual a principal metodologia do ensino utilizada pelos professores do curso de Turismo e Hospitalidade do CEFET/PA?; Que avaliação os alunos fazem acerca da metodologia do ensino empregada pelos professores do curso de Turismo?; e Qual a avaliação dos professores sobre a metodologia do ensino que utilizam no curso de Turismo?.

Dessa forma, seguindo como base as questões de investigação do trabalho, os objetivos desse são: verificar qual a metodologia do ensino que é mais utilizada pelos docentes do curso de Turismo do CEFET/PA; diagnosticar a avaliação discente sobre a metodologia adotada pelos docentes do curso de Turismo; e diagnosticar a avaliação dos docentes do curso de Turismo sobre a metodologia do ensino utilizada pelos mesmos.

A metodologia utilizada nesse projeto de pesquisa foi qualitativa, com o desenvolvimento de uma pesquisa descritiva através do estudo de caso acerca da metodologia de ensino utilizada pelos docentes do curso de Turismo e Hospitalidade do CEFET/PA. Nesse trabalho foi utilizada uma pesquisa bibliográfica referente aos temas: Turismo; docência; e metodologia do ensino (métodos, técnicas e recursos). Em seguida, na pesquisa de campo foram utilizadas técnicas de pesquisa, como o questionário, objetivando ter da comunidade discente (130 alunos no total) a percepção dos problemas, e a entrevista (com as seguintes perguntas: qual a sua formação profissional?; o que entende por metodologia de ensino?; estuda sobre esse tema; que experiências relevantes poderia destacar sobre esse assunto?; qual a principal técnica de ensino que utiliza no curso?; e que avaliação faz sobre a metodologia de ensino que usa em sala de aula?) com os docentes (5 no total), buscando soluções às questões levantadas, com uma posterior síntese e análise dos dados coletados (DENCKER, 1998).

Conceituando metodologia, método e técnicas

A didática “deverá ser, sim, um modo crítico de desenvolver uma prática educativa, forjadora de um projeto histórico, que não se fará tão-somente pelo educador, mas pelo educador, conjuntamente, com o educando e outros membros [...] da sociedade” (LUCKESI, 2004, p. 33-34). Ou seja, a vivência em sala de aula é primordial para se desenvolver uma metodologia do ensino.

A maioria das pessoas tem atitudes condicionadas a uma “filosofia de vida”, isto é, todos procuram se articular através de certos valores em suas vidas. Mas isso não é “filosofia” no significado exato, que “é uma forma de conhecimento que, interpretando o mundo, cria concepção coerente e sistêmica que possibilita uma forma de ação efetiva” (LUCKESI, 1994, p. 27), e sim uma reflexão crítica sobre o sentido das coisas e das ações que são tomadas durante as atividades profissionais e pessoais.

Dessa forma, o professor que vivencia valores e experiências como a escolha de uma metodologia do ensino, caracterizando-a como sendo sua filosofia de trabalho, precisa primeiro passar por três etapas antes de uma decisão final. Por exemplo, ele necessita saber quais as experiências e valores irão orientar suas práticas; em seguida, submetê-las a uma crítica, questionando se estas são prioritárias; e por fim, cabe ao profissional da área da educação fazer uma reconstrução, tomando dessas experiências principais e significativas, e aplicando-as assim em suas atividades profissionais (LUCKESI, 1994).

O docente ao longo de toda sua carreira profissional necessita dominar  metodologias, métodos, técnicas e recursos de ensino, pois através dessas “ferramentas” o professor terá condição de se aperfeiçoar constantemente, dando a agilidade suficiente para interagir com os discentes em sala de aula. Os significados dessas “ferramentas” de ensino serão abordados no decorrer desse trabalho.

A metodologia significa o “estudo científico dos métodos” (DICIONÁRIO MICHAELIS, 2004), ou “a parte da lógica que estuda os métodos de uma ciência e seus tipos de conhecimento” (GRANDE ENCICLOPÉDIA DELTA LAROUSSE, 1980, p. 4470), ainda sobre metodologia do ensino esta “estuda os métodos de ensino, classificando-os e descrevendo-os sem fazer juízo de valor” (PILETTI, 2004, p. 43), ou seja, a metodologia do ensino nada mais é do que o estudo dos métodos do ensino dispostos a alcançar um fim e especialmente para chegar a um conhecimento didático, onde o professor os utiliza para estimular o processo de ensino-aprendizagem dos seus alunos.

O método tem como significado etimológico o “caminho a seguir para alcançar um fim” (PILETTI, 2004, p. 102) ou também são “os meios adequados para realizarem objetivos” (LIBÂNEO, 1994, p. 150). Logo, método de ensino é “um procedimento didático caracterizado por certas fases e operações para alcançar um objetivo previsto” (HAYDT, 2003, p. 144). Com isso, o professor estimula o processo de ensino, utilizando um conjunto de ações e procedimentos para ter êxito na aprendizagem de seus alunos. Os métodos de ensino “são ações, passos e procedimentos vinculados ao método de reflexão, compreensão e transformação da realidade, que sob condições concretas de cada situação didática asseguram o encontro formativo entre o aluno e as matérias de ensino” (LIBÂNEO, 1994, p. 152). Isto é, quando um professor utiliza, de forma intencional, um conjunto de ações e procedimentos para desenvolver um conteúdo em sua aula, ele está buscando um meio mais adequado para alcançar o objetivo de proporcionar a aprendizagem de novos conhecimentos aos discentes.

Técnica significa um “conjunto de processos e recursos práticos de que se serve uma ciência, uma arte, uma especificidade” (GRANDE ENCICLOPÉDIA DELTA LAROUSSE, 1980, p. 6582), “um conjunto de métodos e pormenores práticos essenciais à execução perfeita de uma arte ou profissão” (DICIONÁRIO MICHAELIS, 2004), também “a arte manual, artesanal, conjunto de procedimentos ligados a uma arte ou ciência; destreza, habilidade, jeito, perícia” (HOUAISS, 2001, p. 2683), ou resumidamente é “a operacionalização do método” (PILETTI, 2004, p. 103). Dessa forma, a técnica de ensino é um procedimento qualificado, que está ligado à destreza, habilidade e perícia do professor em utilizar um conjunto de processos e métodos essenciais na construção de suas aulas.

Dessa forma, podemos concluir que metodologia, método e técnica são fundamentais para a didática do professor em sala de aula, pois a escolha de uma metodologia do ensino deve ser movida pela necessidade do professor e dos alunos, através de suas respectivas experiências, que conseqüentemente irá se adaptar ao momento oportuno do ensino-aprendizagem de uma disciplina que se está trabalhando.

As classificações sobre métodos do ensino

Como já abordamos, o professor tem a tarefa importante de escolher e desenvolver uma metodologia de ensino, com isso também precisamos estudar como são classificados os métodos de ensino, para que o educador tenha os principais fundamentos da educação.

Uma das mais conhecidas classificações sobre métodos de ensino foi elaborada por Jean Piaget em meados de 1930, sendo desenvolvida na obra “Psicologia e Pedagogia”. Dessa forma, seguindo este autor os métodos são:

1) Métodos verbais tradicionais, que tiveram seus fundamentos ratificados pela epistemologia associacionista; 2) Métodos ativos, que se desenvolveram a partir das pesquisas e conclusões da Psicologia do desenvolvimento e, mais especificamente, do construtivismo operacional e cognitivo; 3) Métodos intuitivos ou audiovisuais, baseados na Psicologia da forma ou Gestalt; 4) Ensino programado, que tem por base a reflexologia e a Psicologia comportamental ou behaviorista (PIAGET apud HAYDT, 2003, p. 146).

Na classificação de Piaget, o procedimento pedagógico que se destaca é o método ativo, que recorre à atividade dos alunos de uma forma incentivadora, com ações concretas e interiorizadas. O autor divide os métodos ativos em “métodos fundados sobre os mecanismos individuais do pensamento; e métodos fundados sobre a vida social da criança” (HAYDT, 2003, p. 147), e busca através deles uma reflexão do aluno, que assim participa ativamente do processo de criação e recriação do conhecimento, usando e estimulando mentalmente o estudante a aplicar seus esquemas mentais ao conteúdo que se está desenvolvendo, facilitando dessa forma a compreensão e garantindo a aprendizagem.

Quando o professor escolhe um método de ensino, ele precisa levar em conta os objetivos e conteúdos da disciplina que irá ministrar as peculiaridades dos alunos, como também a criatividade. Nesse sentido, a “relação existente entre ensino e aprendizagem, concretizada pelas atividades do professor e alunos”, está centrada no “[...] eixo do processo de ensino, a relação cognoscitiva entre o aluno e a matéria”, ativando “[...] as forças mentais dos alunos para a assimilação da matéria” (LIBÂNEO, 1994, p. 160).

Dessa forma, o professor agiria como um incentivador para os alunos, que tem o poder de conhecer algo (cognoscitivo), isto é, com as atividades em sala de aula são ativadas as forças mentais dos estudantes, sendo assim possível de concretizar a assimilação e compreensão de conhecimentos de uma disciplina.

Com isso, segundo Libâneo (1994), pode-se classificar os métodos de ensino, de acordo com aspectos internos (condições mentais e físicas dos alunos para através dos procedimentos pedagógicos assimilar e compreender a matéria) e aspectos externos (os conteúdos de ensino), sendo este último através de: método de exposição pelo professor (os conhecimentos, habilidades e tarefas são apresentados e explicados pelo professor); método de trabalho independente (tarefas dirigidas e orientadas pelo professor, para que os alunos as resolvam de modo independente e criativo, utilizando da melhor forma possível suas habilidades mentais); método de elaboração conjunta (ocorre uma interação ativa entre o professor e aluno, visando à obtenção de novos conhecimentos e habilidades, através principalmente de uma conversação entre ambos, estimulando o raciocínio); e método de trabalho em grupo (distribuir temas de estudo iguais ou diferentes, a grupos fixos ou variáveis, para assim obter a cooperação dos alunos entre si na realização de uma tarefa).

Contudo, os métodos de ensino também são classificados de uma outra forma, como no livro, O processo didático, onde a professora Irene Carvalho nos ensina que existem os:

a) Métodos individualizados de ensino – são aqueles que valorizam o atendimento às diferenças individuais e fazem adequação do conteúdo ao nível de maturidade, à capacidade intelectual e ao ritmo de aprendizagem de cada aluno, considerando individualmente. Entre estes são o trabalho com fichas, o estudo dirigido e o ensino programado [...] b) Método socializados de ensino – são os métodos que valorizam a interação social, fazendo a aprendizagem efetivar-se em grupo. Incluem as técnicas de trabalho em grupo, a dramatização e os estudos de casos. c) Métodos sócio-individualizados – são os que combinam as duas atividades, a individualizada e a socializada, alternando em suas fases os aspectos individuais e sociais. Abrangem, entre outros, o método de problemas, as unidades de trabalho, as unidades didáticas e as unidades de experiência (CARVALHO apud HAYDT, 2003, p. 147).

A classificação feita por Carvalho sobre os métodos de ensino é de fundamental importância para a compreensão das atividades de aprendizagem realizadas pelos professores, pois com a utilização dos métodos é possível estimular e contribuir com o progresso mental dos alunos que incorporam e produzem novos conhecimentos através desses métodos, que acabam com o antigo processo mecânico e repetitivo de aprendizagem, passando a exigir dos discentes a reflexão e execução de tarefas complexas. Com isso, pode haver a construção de uma aprendizagem mais significativa e duradoura.

O processo de escolha dos métodos de ensino significa para o professor uma das etapas essenciais no desenvolvimento do seu planejamento educacional. Primeiro, é preciso identificar os objetivos específicos a serem alcançados em sala de aula (como abordagem de conceitos, apresentação do conteúdo, aulas práticas e outros) e também os objetivos gerais da instituição educacional e do curso a que pertence o professor. Em um segundo momento, ele deve fazer a relação dos métodos com os conteúdos específicos de cada disciplina para que dessa forma, os métodos de ensino possam ser definidos claramente, complementando sua operacionalização com as técnicas de ensino que irão de fato desenvolver este plano educacional (LIBÂNEO, 1994).

Contudo, se não forem verificadas as condições mentais e físicas, como também as características sociais, culturais e individuais dos discentes, os métodos escolhidos podem acabar sendo ineficazes para garantir e assimilação e construção de conhecimentos e habilidades (LIBÂNEO, 1994).

As principais técnicas de ensino

Como foi explicado nas classificações sobre métodos de ensino, a autora Carvalho, citada por Haydt (2003), mostra a existência dos métodos individualizados, socializados e sócio-individualizados. Dessa forma, o processo de ensino-aprendizagem só consegue ter êxito, quando o objetivo traçado pelo professor é alcançado, ou seja, através de um método do ensino podemos compreender e construir o conhecimento em sala de aula.

Dessa forma, percebemos que para um método do ensino ocorrer de fato, seja ele individualizado, socializado ou sócio-individualizado, ele necessita ser executado, e são as técnicas de ensino que irão cumprir esta tarefa.

A seguir, serão classificadas as principais técnicas de ensino utilizadas nas escolas, centros de ensino, faculdades e universidades brasileiras.

Aula expositiva

A aula expositiva é uma das técnicas de ensino individualizadas mais utilizadas e conhecidas da classe docente, baseia-se em uma “apresentação oral de um tema, pelo professor, e pode contar com maior ou menor participação dos alunos, dependendo da proposta e dos objetivos de ensino” (CARLINI, 2004, p. 38), que pode ser, a compreensão de um novo tema de estudo, onde se busca apresentar idéias, esquemas e sumários introdutórios para o melhor desempenho dos alunos. O professor também pode ter como proposta a idéia de sintetizar o assunto, identificando os pontos essenciais de uma forma resumida.

Dentro do contexto de uma aula expositiva, existem algumas formas de exposição que explicam de “modo sistematizado quando o assunto é desconhecido ou as idéias que os alunos trazem são insuficientes ou imprecisas” (LIBÂNEO, 1994, p. 161), como por exemplo, a exposição verbal que é caracterizada pela tentativa do professor em estimular a disposição dos alunos sobre o assunto escolhido, pois “a mensagem apresentada pelo professor é simples pretexto para desencadear a participação da classe, podendo haver, assim contestação, pesquisa e discussão” (HAYDT, 2003, p. 154); a demonstração que é uma forma de exposição procurando “representar fenômenos e processos que ocorrem na realidade”, isto é, através das explicações do professor com experimentos concretos; a ilustração que também é uma outra forma de exposição, consiste em uma “apresentação gráfica de fatos e fenômenos da realidade, por meio de gráficos, mapas, esquemas, gravuras [...] a partir dos quais o professor enriquece a explicação da matéria” (LIBÂNEO, 1994, p. 162), sendo o mais indicado para que os alunos assimilem um conteúdo; e a exemplificação, que significa ensinar ao aluno o modo correto de realizar uma tarefa através de exemplos, usando um dicionário, consultando um livro ou texto, também é usada pelo professor como uma forma de exposição em sala de aula (LIBÂNEO, 1994).

Existem algumas vantagens na utilização dessa técnica, como: a economia de tempo, pois um assunto pode ser utilizado durante a exposição; também supre a falta de bibliografia aos alunos, quando o assunto não foi trabalhado mais profundamente e quando há dificuldade de acesso às obras existentes; e na ajuda de se compreender assuntos complexos, onde o professor traduz de uma forma mais simples através, por exemplo, da exemplificação de um material de difícil compreensão (LOPES, 1991).

Além disso, percebe-se que é na aula expositiva que os alunos podem adquirir ou atualizar informações, esclarecer dúvidas, ouvir e perguntar, anotar, elaborar sínteses e mostrar respeito e atenção ao professor, que para atingir seus objetivos necessita apresentar inicialmente aos alunos, um assunto possuidor de ligações com outros temas já estudados ou que ainda irão ser estudados. Também é necessário utilizar os conhecimentos e experiências adquiridas pelos discentes anteriormente em sala de aula, destacando idéias ou pontos importantes, dando exemplos relacionados à realidade atual deles e permitindo assim um maior diálogo com a turma, para que não ocorra nenhum sinal de aborrecimento ou cansaço devido ao prolongamento da exposição. Assim, com o uso de uma linguagem mais simples e clara, o professor pode alcançar os objetivos do ensino de maneira precisa e ordenada, enfatizando sempre suas idéias essenciais.

Estudo de Texto

Sendo uma técnica de ensino individualizada, trabalha um texto “de modo analítico e crítico, desvendando-lhe sua estrutura, percebendo os recursos utilizados pelo autor para a transmissão da mensagem, descobrindo o objetivo do autor, antevendo hipóteses, testando-as, confirmando-as ou refutando-as” (AZAMBUJA; SOUZA, 1991, p. 49).

Para que a técnica de estudo de texto se realize, é preciso primeiro que a leitura do texto trabalhado com os alunos, seja realizada de maneira adequada, verificando os detalhes (partes menores do texto) para se chegar a um significado mais global (partes maiores do texto) e vice-versa. Num segundo momento, após as repetidas leituras do texto, os alunos já podem formular hipóteses para assim testá-las na tentativa de confirmar ou refutar o que se compreendeu do texto.

Com isso, o aluno desenvolve a capacidade de “interpretar”, o que propicia uma futura produção de textos próprios, pois este recebe significados de novos conhecimentos de uma maneira ativa e crítica (AZAMBUJA; SOUZA, 1991).

Trabalho em grupos

A técnica de ensino conhecida por “trabalho em grupos” é socializante, sendo muito utilizada tanto nas séries iniciais do ensino fundamental, quanto em cursos de pós-graduação. Isso ocorre por ser a melhor forma de trocar informações entre indivíduos de várias idades, interesses, objetivos e profissões semelhantes entre si.

O trabalho em grupos “permite estabelecer interação efetiva no processo de produção conjunta de novos conhecimentos entre os alunos, no subgrupo e no grupo-classe” (CARLINI, 2004, p. 78), isto é, busca através da cooperação dos alunos de uma turma (grupo-classe), realizar tarefas específicas divididas em vários grupos (subgrupos), que conseqüentemente produzirão resultados como novos conhecimentos. Essa atividade pode ser complementada através de debates, grupos de observação e grupos de verbalização (parte da turma forma um grupo central – GV, grupo de verbalização – para discutir um tema, enquanto os demais formam um círculo em volta deste para observar – GO, grupo de observação – por exemplo, os conceitos utilizados sobre um tema, a participação sobre o estudo, entre outros, por fim os mesmos grupos trocam de função na atividade de aula).

O trabalho em grupos “contribui para o desenvolvimento das estruturas mentais do indivíduo, mobilizando seus esquemas operatórios de pensamento” (HAYDT, 2003, p. 183), pois “oferece ao aluno a oportunidade de estabelecer troca de idéias e opiniões, desenvolvendo as habilidades necessárias à prática da convivência com as pessoas” (PILETTI, 2004, p. 115). Isso leva os alunos a cooperar e unir esforços durante o trabalho, através de um planejamento conjunto, com exposição de idéias e opiniões, ouvindo e respeitando seus colegas, ou ainda aceitando críticas construtivas.

Quando o professor inicia o trabalho em grupos, é preciso formar as equipes antes das atividades, assim pode-se constituir aleatoriamente, “os alunos se agrupam por proximidade física, isto é, os que estão sentados próximos uns dos outros se reúnem formando uma equipe” (HAYDT, 2003, p. 184). Ou se formam equipes livremente, levando-se em conta apenas a afinidade pessoal existente na turma (HAYDT, 2003). Também pode ser feita de uma forma dirigida, onde o professor escolhe ou determina os alunos que farão parte das equipes, isso ocorre quando existe uma tarefa ou critério mais específico a ser trabalhado (PILETTI, 2004).

Na técnica de trabalho em grupos, existem várias propostas de dinâmica das equipes, como por exemplo: a discussão em pequenos grupos (estuda e analisa um tema em grupos pequenos, que variam de cinco a oito pessoas, pois exigem a coleta de dados e informações, a resolução de problemas, a tomada de decisões e a realização de tarefas); o simpósio (determina-se algumas equipes que trabalharão sobre aspectos de um tema, havendo a exposição de um integrante com dia e tempo pré-determinados pelo professor, após a apresentação os demais alunos formulam perguntas aos expositores); o painel (grupo de alunos discute um assunto, trocando idéias e apresentando em conjunto a turma suas conclusões, em seguida recebem perguntas da classe); e brainstorming ou tempestade cerebral (apresentam-se idéias ou soluções para determinado problema, dando total liberdade à criação dos alunos. Em seguida, faz-se a análise crítica das idéias, isso favorece o desenvolvimento da criatividade) (HAYDT, 2003,  p. 192 – 194).

Seminário

O seminário é uma forma de trabalho em grupo, muito utilizada no ensino médio, pós-médio, graduação e pós-graduação. Como técnica de ensino socializante “se constrói com base no ensino com pesquisa, realizado em subgrupos, e no debate dos aspectos investigados, de maneira integrada ou complementar, sob a coordenação do professor” (CARLINI, 2004, p. 69), “um grupo de alunos recebe a incumbência de apresentar para a classe, em data previamente determinada, um tema a ser pesquisado ou uma síntese de um capítulo de livro” (CARLINI, 2004, p. 69), ou ainda “grupo de estudos em que se discute e se debate um ou mais temas apresentados por um ou vários alunos, sob a direção do professor responsável pela disciplina ou curso” (VEIGA, 1991, p. 107). Com isso, percebemos que os alunos podem substituir o lugar do professor, pois agora são eles que irão fazer uma “exposição”, explicando um tema ou assunto pré-determinado, onde poderá ocorrer o debate ou discussão dos principais pontos encontrados pela turma.

Para que ocorra uma boa utilização deste método, se faz necessário que o professor dê informações sobre o tema proposto para o seminário antes da data marcada para sua realização, dando também aos grupos temas mais específicos, fazendo-os assimilar melhor o assunto. Ainda sobre a qualidade do seminário, o professor deve ter voz ativa durante o acontecimento do trabalho, pois além de precisar coordenar os grupos, também deve incentivar a participação de toda a turma na discussão do tema proposto.

No seminário podemos desenvolver outras três técnicas de ensino, a exposição, o debate e o ensino com pesquisa, pois tem como objetivo, investigar com profundidade uma questão (sendo o mesmo objetivo do ensino com pesquisa), debater aspectos diferentes de um problema, participar ativamente com um trabalho cooperativo de discussão sobre informações pertinentes ao tema, e analisar critica e reflexivamente os resultados de suas respectivas investigações (de cada grupo) apresentadas ou expostas em sala de aula. Dessa forma, o seminário dá a oportunidade aos alunos de desenvolverem a investigação, crítica e independência intelectual (VEIGA, 1991; CARLINI, 2004).

Estudo de casos

A técnica socializante “estudo de caso” é a “apresentação aos alunos de uma situação real ou simulada, relativa ao tema em estudo, para análise e encaminhamento de solução” (CARLINI, 2004, p. 56) ou “consiste em apresentar aos alunos uma situação real, dentro do assunto estudado, para que analisem e, se for necessário, proponham alternativas de solução” (HAYDT, 2003, p. 195). Este método de trabalho faz com que os alunos apliquem conhecimentos teóricos em situações práticas. Por exemplo, o professor lhes mostra um filme da 2ª Guerra Mundial e pede que expliquem os fatos ocorridos neste evento histórico ou também uma notícia de jornal, que pode mostrar a falta de infra-estrutura turística em certa localidade, fazendo os alunos trabalhar os conceitos de equipamento turístico. Com isso, os alunos irão apresentar soluções baseadas em teorias e conceitos estudados durante o curso.

O objetivo desse método de ensino é retomar e aplicar conhecimentos teóricos às situações práticas, analisando e propondo soluções, através da implantação das melhores idéias apresentadas por uma turma.

Método de projetos

A técnica sócio-individualizante, método de projetos, “se propõe a transformar as atitudes dos alunos durante o ensino [...] converter-se em um ativo que concebe, prepara e executa o próprio trabalho” (PILETTI, 2004, p. 118). Isto é, o aluno passa a ter um propósito definido, ele é motivado por um problema concreto, buscando soluções práticas.

O objetivo dessa técnica é proporcionar ao aluno o desenvolvimento do seu raciocínio, aliado à vivência e à experiência nos acontecimentos reais da vida, sendo também estimulada sua criatividade, observação e cooperação diante o grupo de trabalho.

Existem procedimentos adotados por professores nessa técnica, mas sem nenhuma rigidez, sendo destacados os seguintes: a escolha do projeto pode ser feita pelo professor, alunos ou em conjunto; em seguida se desenvolve o planejamento do trabalho e seus detalhes, como a previsão das tarefas; depois a coleta de informações e a seleção de material; com isso ocorre a execução do trabalho; na seqüência faz-se a apresentação para a turma; e por fim a apreciação e avaliação do trabalho pelo professor (HAYDT, 2003; PILETTI, 2004).

O estudo de caso no CEFET/PA

O Curso Técnico de Turismo e Hospitalidade do CEFET/PA

Os Centros Federais de Educação Tecnológica possuem aproximadamente 35% do total de cursos tecnológicos de turismo, onde são encontrados nos Estados do Pará, Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco, Rio Grande do Norte, São Paulo, Alagoas, Piauí, Roraima e Mato Grosso, com habilitação em turismo, turismo e hospitalidade, turismo e hotelaria, lazer, gastronomia e eventos (ANSARAH, 2002).

O CEFET/PA tem por finalidade formar e qualificar profissionais nos vários níveis e modalidades de ensino, para diversos setores da economia, realizando pesquisa e desenvolvendo novos processos, produtos e serviços em estreita articulação com os setores produtivos e a sociedade, oferecendo assim mecanismos para a educação continuada. Dessa forma, tem como missão promover a educação profissional, em todos os níveis e modalidades de ensino, formando profissionais qualificados para o mundo do trabalho e para o exercício da cidadania, numa perspectiva de empregabilidade; melhoria da qualidade de vida; e desenvolvimento auto-sustentado do Estado do Pará. Assumindo com isso um papel de referência educacional e tecnológica na Região Amazônica.

Contudo apesar do imenso potencial turístico e as ações desenvolvidas, o nosso Estado apresenta inúmeras deficiências e carências em relação à mão-de-obra qualificada na área do turismo, configurando-se como uma das principais barreiras para o crescimento ordenado da atividade. Neste sentido, o CEFET/PA, com a tradição de entidade de ensino profissional de qualidade, objetivando atender a carência detectada, oferta à comunidade dois Cursos Técnicos em Turismo: um com habilitação em Planejamento e Realização de Eventos e o outro com habilitação em Assessor em Planejamento Turístico. Tendo seu início no ano de 2000, os cursos tiveram a confirmação de aprovação em 12 de maio de 2005.

O Curso de Planejamento e Realização de Eventos possui a carga horária de 1080h distribuídas em três semestres, em qualificação nas disciplinas fundamentais (280h), chefe de cerimonial (300h), e organização de eventos (320h), sendo que o estágio supervisionado tem 180h. Já o Curso de Assessor em Planejamento Turístico possui uma carga horária de 1060h, distribuídas em três semestres, com qualificação no nível fundamental (280h), promotor de ações turísticas (300h) e agente de planejamento de programas e roteiros turísticos (300h), sendo complementado com estágio supervisionado de 180h.

O objetivo do curso de Turismo é atender às necessidades e carências do mercado de trabalho visando à formação de pessoal qualificado em técnicas específicas à área do turismo, que conseqüentemente irá desenvolver as competências e habilidades necessárias para a concepção e articulação do planejamento turístico, da realização de eventos, do agenciamento e dos produtos e serviços ofertados pelo trade turístico.

Existem algumas características específicas do curso de Turismo e Hospitalidade, como preparar o aluno para: promover o crescimento do turismo de forma ordenada e sustentável, respeitando o meio ambiente; organizar eventos, programas, roteiros, itinerários turísticos, atividades de lazer, articulando os meios para sua realização com prestadores de serviços e provedores de infra-estrutura e apoio; comunicar-se efetivamente com o cliente, expressando-se em idioma de comum entendimento; levantar dados sócio-econômicos e técnicos de interesse na elaboração do projeto de turismo; ter capacidade: de realizar diagnósticos, tomar decisões em momentos críticos e emergenciais, trabalhar em equipe, auto-organização e de enfrentamento de situações em constantes mudanças; entre outras (CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO PARÁ, 2003; 2005).

A metodologia de ensino sob avaliação

Inicialmente, verificamos o perfil dos alunos do curso de Turismo e Hospitalidade do CEFET/PA, através das seguintes perguntas: qual o seu sexo?; qual o seu estado civil?; você já está trabalhando?; qual sua renda familiar?; e qual a sua idade?.

TABELA 1: Perfil dos alunos do curso de Turismo e Hospitalidade do CEFET/PA

QUESTÕES

RESPOSTAS

TOTAL

QUANT. (alunos)

%

130 alunos

Sexo

Masculino

26

20

Feminino

104

80

Estado Civil

Solteiro

128

98

Casado

2

2

Trabalho

Sim

26

20

Não

104

80

Renda Familiar

Até 3 salários

91

70

Mais de 3 salários

39

30

Idade

Até 20 anos

97

75

Mais de 20 anos

33

25

Fonte: Questionário de perguntas da pesquisa de campo (2005).

Com isso, percebemos que os alunos do curso de Turismo, em sua maioria são do sexo feminino (80%) e solteiros (98%), com uma faixa etária de até 20 anos de grande parte dos alunos (75%). A renda familiar é, em média, de até 3 salários mínimos, sendo que apenas 20% dos alunos já estão inseridos no mercado de trabalho.         

A maioria dos alunos (80%) sabe o que é método de ensino, onde algumas das suas conceituações se destacam, como: “é a melhor maneira que o professor usa para explicar ou passar um conhecimento”; “é o método que o professor tem para transmitir um determinado conteúdo, tendo em vista a compreensão da realidade do aluno”; e “são as estratégias adotadas pelo professor que, de uma forma dinâmica, faz a transmissão de conhecimento aos alunos”. Dessa forma, alguns desses conceitos colocados pelos alunos, se assemelham à conceituação de Haydt (2005), pois a autora também explica que método de ensino é um procedimento didático caracterizado por estratégias em busca de passar um conhecimento aos alunos. A conceituação de Libâneo (1994) sobre método de ensino tem proximidade com a colocada pelos alunos, onde este afirma que é uma ação vinculada à reflexão e compreensão da realidade dos alunos, o que também visa alcançar o conhecimento.

Já em relação à conceituação de técnica de ensino, somente 60% dos alunos acertaram, pois houve uma repetição de idéias nas mesmas respostas dadas à pergunta sobre método de ensino. Dos alunos que acertaram a pergunta sobre técnica de ensino, algumas conceituações se destacam, como: “é um conjunto de recursos usados pelo professor”; e “é a união de vários procedimentos usados pelo professor durante as aulas para concretizar seu método de ensino”. Assim, a conceituação dos alunos se assemelha a de Piletti (2004), pois este coloca técnica de ensino como a operacionalização do método usado pelo professor, que também pode ser entendido como a concretização do método de ensino.

De uma maneira geral, a avaliação dos alunos sobre a metodologia do ensino usada pelos professores do curso de Turismo, foi um conceito “bom”, onde destacamos alguns pontos positivos e negativos, como:

O primeiro ponto positivo discutido pelos alunos do curso de Turismo, foi sobre o desempenho dos professores, em relação à utilização de materiais e recursos de ensino, pois os discentes identificaram um bom uso dos vários recursos e materiais disponíveis para a aprendizagem, como o retroprojetor, datashow, filmes e outros. O professor que tem o cuidado de selecionar o material ou recurso de ensino mais adequado à sua metodologia, relacionando-o com os objetivos e conteúdos propostos às suas aulas, consegue ter maior produção com a turma;

O segundo ponto positivo é quando o professor além de saber escolher as técnicas de ensino que lhe parece mais adequado aos objetivos propostos para suas aulas, também consegue explicar o que ele pretende fazer em suas atividades de ensino, mantendo assim um acompanhamento durante a execução da tarefa, pois sempre irão existir dúvidas e discussões individualmente ou dos grupos. Dessa forma, o professor consegue diminuir essas futuras reclamações dos alunos, mantendo um esclarecimento e reorientando a atividade se necessário, reafirmando assim o objetivo do trabalho, e auxiliando os alunos na realização da atividade;

O primeiro ponto negativo trata da participação dos alunos durante as aulas e nas atividades avaliativas. Com o uso da técnica de trabalho em grupos, por exemplo, fica claro a falta de empenho de vários alunos nessas atividades, o que compromete em termos a avaliação e o acompanhamento que o professor faz dos alunos. Assim os docentes precisam de qualquer forma, estimular e promover a participação de todos os alunos, evitando com isso o silêncio de alguns, provocando uma maior igualdade na visão avaliativa e processual das atividades feitas pelo professor;

O segundo ponto negativo é a pouca clareza dos objetivos propostos de um conteúdo disciplinar, pois não existe um maior esclarecimento do professor quando objetiva alcançar uma determinada habilidade durante o processo de ensino, o que provoca uma certa confusão e desmotivação dos discentes. Por exemplo, quando o docente se utiliza de temas específicos do Turismo, como a hotelaria, é necessário explicar anteriormente, suas intenções no desenvolvimento desse tema (indicando, por exemplo, a bibliografia, leituras complementares e até pesquisas), pois muitas vezes o professor questiona a classe durante as aulas sobre o assunto, e poucos alunos conseguem se posicionar criticamente, devido à falta de um maior conhecimento do tema proposto, causando frustração e desmotivação;

Os alunos do curso apontaram quatro técnicas de ensino que mais gostam de trabalhar durante as aulas, são elas: trabalho em grupos (20%), debate (15%), seminário (20%) e método de projetos (45%).

Gráfico 1: Percentual das Técnicas de ensino

Fonte: Campos, Angelo (2005).

 

O trabalho em grupos foi destacado como sendo uma técnica que ajuda na interação entre os alunos, onde cada um pode participar com suas atitudes e habilidades específicas em favor do grupo e da classe. O seminário foi bastante colocado pelos alunos, aliando a discussão, interação e reflexão sobre um tema proposto, o que favorece a criatividade e criticidade dos alunos. Mas a principal técnica de ensino na visão dos alunos é o método de projetos, que após levantar todo o material bibliográfico necessário para desenvolver a atividade, se torna essencial ir a campo, provocando o uso da teoria (desenvolvida em sala de aula) na prática (levantamento em campo), favorecendo a reflexão, criatividade, envolvimento, crítica e cooperação dos alunos.

A visão geral dos alunos sobre a atuação dos professores em suas práticas de ensino, é de que todos conhecem e sabem utilizar diferentes métodos e técnicas de ensino, capazes de desenvolver em momentos diferentes, o processo de ensino-aprendizagem, usando suas próprias experiências, como também dos alunos, em relação aos objetivos e conteúdos abordados nas aulas. Mas eles também precisam garantir as necessidades dos alunos quanto à aprendizagem dos vários e diferentes conteúdos curriculares, o que provoca necessariamente uma busca dos professores por novos conhecimentos, sempre apoiados nas necessidades dos alunos e da sociedade em que vivem.

No curso de Turismo e Hospitalidade do CEFET/PA existem cinco professores titulares, onde todos são Bacharéis em Turismo. Na vida profissional de todos esses professores, há a formação na pós-graduação de especializações como em: hotelaria, ecoturismo, educação e planejamento ambiental, e língua inglesa. Já no caso de apenas dois professores, estes possuem a pós-graduação em mestrado: antropologia e educação.

Todos os professores do curso de Turismo, responderam corretamente o que é metodologia do ensino, afirmando ser o estudo dos métodos de ensino que são os procedimentos usados para alcançar o objetivo do ensino-aprendizagem de uma disciplina ou curso. As respostas dos professores estão correlacionadas ao conceito de Piletti (2004), sobre a metodologia do ensino, onde este coloca que é um estudo científico dos métodos de ensino, que também são os caminhos a se seguir para alcançar um fim ou objetivo. Contudo apenas dois professores (40%) afirmam estudar com freqüência sobre o tema metodologia de ensino, sendo justamente aqueles que possuem mestrado.

Os professores destacaram algumas experiências importantes com relação à metodologia do ensino, são elas:

A primeira experiência importante é sobre o papel do aluno no aprendizado da metodologia usada pelos professores. Isto se caracteriza quando o professor verifica aspectos relevantes, como por exemplo, quando o aluno é estimulado a participar ativamente (lendo a bibliografia indicada ou discutindo o tema trabalhado) de uma atividade, sua manifestação escrita ou oral, favorece o sucesso do método de ensino; e o envolvimento do aluno na tarefa, propiciando a construção do seu próprio conhecimento com base nas informações adquiridas em sala;

A segunda experiência é quando os alunos avaliam a metodologia do ensino do professor. Muitos alunos contribuem na avaliação dando sugestões e opiniões durante o desenvolvimento da metodologia do ensino, o que favorece na diminuição dos futuros problemas enfrentados no processo de ensino;

A terceira experiência é quando se trabalha com técnicas de ensino que envolve a pesquisa, como “método de projetos”. Os alunos precisam entender claramente o objetivo e as etapas da atividade, para que dessa forma não percam o foco da tarefa durante a pesquisa de campo. Pois cabe ao professor e alunos questionarem se as informações recolhidas são suficientes para encontrar as soluções necessárias ao tema do trabalho, e se as alternativas propostas são as corretas para a solução final da atividade, onde através do debate é possível a elaboração de propostas viáveis.

A técnica de ensino “seminário”, que é bastante empregada pelos professores (80%) em várias atividades, tem contribuído na construção da autonomia do aluno, pois desenvolve habilidades de pesquisa (reunindo a bibliografia necessária na investigação do tema); no registro (com a leitura e estudo do material adquirido, organizando as idéias principais); na comunicação (apresentação de relatório, expondo de forma clara e objetiva as idéias essências); e na argumentação oral (buscando esclarecer com argumentos que proporcionam a compreensão dos questionamentos abordados no estudo) (HAYDT, 2003; SCARPATO, 2004). Assim percebemos que existe a necessidade de estar se utilizando dessa técnica de ensino, pois ela garante e estimula a reflexão crítica dos discentes, isto é, favorece no alcance de um dos objetivos do processo de ensino-aprendizagem, a visão crítica de um tema de estudo.

Contudo a principal técnica de ensino usada por todos os professores é aquela que provoca a discussão e o debate em uma turma, isto é, cabe ao professor tanto na aula expositiva, seminário, trabalho em grupos, estudo de textos ou em outras técnicas, saber ministrar uma aula mais atrativa e envolvente, buscando assim que os alunos tenham a reflexão, interesse, comunicação, sociabilidade, cooperação, autonomia, criatividade, envolvimento e senso crítico (SCARPATO, 2004).

Na visão geral dos professores, a avaliação sobre a metodologia do ensino que usam no curso de Turismo foi de um conceito “excelente”, pois é possível perceber que há uma satisfação dos alunos com os métodos e técnicas trabalhados em sala de aula, devido principalmente a freqüência e participação ativa de todas as turmas do curso, onde os alunos conseguem ter emoções e experiências incomparáveis através das várias atividades dinâmicas desenvolvidas pelos professores.

Conclusão

A metodologia do ensino que estuda diretamente os métodos de ensino, que procura alcançar o conhecimento significativo da didática necessária para favorecer o processo de ensino-aprendizagem e encontra nas técnicas de ensino uma forma de operacionalizar o método desenvolvido pelo professor durante suas aulas.

Com base nessas colocações, buscou-se com esse estudo introduzir a temática da docência em Turismo, abordando como foco central a metodologia do ensino. E dessa forma, foi possível verificarmos que a principal metodologia do ensino utilizada pelos professores do curso de Turismo e Hospitalidade do CEFET/PA, é quando este usa uma técnica de ensino que alia a discussão e o debate durante o desenvolvimento das atividades, isto é, o professor pode usar a aula expositiva, o seminário, o estudo de textos ou outras técnicas, que favorecem o posicionamento crítico dos alunos, colocando ou não questões pertinentes aos estudos.

Já na avaliação dos alunos do curso de Turismo, a metodologia que mais se destaca é o método de projetos, que garante através da pesquisa, revelar os aspectos sociais, econômicos, culturais e ambientais da nossa sociedade. Também tivemos o diagnóstico feito pelos alunos sobre a metodologia de ensino adotada pelos professores do curso, que obtiveram um conceito “bom”, isso devido ao dinamismo durante as aulas e principalmente ao esforço de estar sempre relacionando a teoria e a prática dos conteúdos de cada disciplina. Por último, vimos a avaliação que os professores fazem da metodologia empregada em sala de aula, dando o conceito de “excelente”, pois como são os alunos que fazem o verdadeiro papel de avaliador, o professor percebe que quando há produção de conhecimento por parte do aluno, imediatamente este fica satisfeito com seu próprio desempenho, o que torna positiva a metodologia escolhida.

Contudo, apesar dos alunos avaliarem a metodologia do ensino usada pelos professores com um conceito “bom”, esses mesmos alunos colocam pontos negativos, como a falta de clareza com os objetivos propostos para uma disciplina e o pouco envolvimento em técnicas como o “seminário”, causando o desinteresse da turma. Dessa forma, mesmo numa visão geral, com os professores avaliando sua metodologia do ensino como sendo “excelente”, fica claro que ainda falta buscar um pouco mais de qualificação, como por exemplo, estudar nas pós-graduações de áreas específicas do Turismo.

Neste trabalho, também percebemos que a vivência em sala de aula é essencial para a escolha e o desenvolvimento de uma metodologia do ensino, pois com a ajuda dos alunos, que criam e criticam ao mesmo tempo, e das ações que tomamos durante nossas atividades profissionais e pessoais, isto é, nas experiências de vida, podemos construir uma prática educativa mais eficaz.

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Publicada em 03.12.04 - Última atualização: 17 abril, 2006.