Discriminação
e exclusão no Brasil:
a
questão da não alfabetização
Brigitte
Ursula Stach Haertel
Resumo:
Historicamente
o tema da alfabetização no Brasil, mais que uma preocupação
pedagógica, tem servido à manutenção de mecanismos excludentes
atendendo a interesses diversos, demonstrando o descaso público e
a falta de uma política voltada a atender àqueles a quem de fato
a questão diga respeito.
Os
mecanismos de exclusão gerados pela crescente complexidade das
sociedades letradas atuais impõem às ciências da Educação um
olhar crítico que as distancie suficientemente do senso comum.
Há
que se defender uma prática pedagógica crítica e reflexiva que
tenha como eixo uma análise do sistema educacional como um todo,
a levantar as possibilidades de valorizar saberes para além dos
legitimados pela escola. Mais que uma simples constatação, há
que se pensar a respeito da lógica que os próprios profissionais
da educação, em muitos casos, têm corroborado para manter
enquanto cultura pedagógica brasileira que de forma velada
ratificam a repetência e a excludência.
Palavras-chave:
Alfabetização
– Letramento – Legitimação dos saberes – Mecanismos de
exclusão
Abstract:
Historically
the reading instruction question in Brazil, more than a pedagogic
concern, has been serving to maintain excluding mechanisms
assisting to several interests, denouncing the public disregard
and the lack of policies
that assist those that in fact the subject says respect.
The
exclusion mechanisms generated by the growing complexity of the
current learned societies imposes to the education sciences a
critical glance that distances them from the common sense.
There
is to defend a critic and reflexive pedagogic practice that has as
axis an analysis of the education system as a whole, to value
previous acquirement for besides legitimated them by the education
system. Plus than a simple verification, there is to think
regarding the logic that the own professionals of education, in
many cases, have been corroborating to maintain while Brazilian
pedagogic culture ratify repetition and exclusion mechanisms in a
veiled way.
Keywords:
Reading
instruction – Literacy – Legitimation of what you know –
Exclusion mechanisms |
O
tema discriminação e exclusão, gera em si mesmo, inúmeras
possibilidades de reflexão.
Anterior
a um aprofundamento da especificidade do fenômeno no Brasil, refletir a
questão do ponto de vista de uma construção humana, histórico e
cultural, que tende a marginalizar aquele que ousa ver e compreender o
mundo de uma forma diferente da nossa, é uma questão provocativa.
Nossos
preconceitos representam construções ideológicas, que de maneira
articulada contribuem para a construção de nossa própria identidade.
“A
violência do preconceito não está na diferença que realizamos
mentalmente, mas na forma como agimos com base nessa noção” (Itani,
1998).
Nesse
sentido o julgamento decorrente dos conceitos constituídos a partir de
nossas experiências anteriores, e que é inerente à nossa forma única
de ver o mundo, só se torna nefasto, só compromete, quando serve como
uma espécie de alicerce - de muleta - para a justificação de uma
identificação negativa, no sentido de negar ao outro a possibilidade de
se diferenciar de mim naquilo que cremos de diferente; quando por nossos
atos desautorizamos o direito de manifestação da individualidade do
outro; estigmatizando-o e excluindo-o de forma a legitimar a sua
discriminação naturalizando tal condição.
Para
afirmar o meu “eu” não preciso, necessariamente, passar pela negação
do outro (intolerância) (Itani, 1998).
Pensar
a esse respeito especialmente no campo das ciências da Educação é
questão – a meu ver - ainda mais desafiadora.
Em
que sentido os mecanismos estabelecidos, pela própria escola, e por seus
agentes reforça um certo tipo de exclusão que se torna como que
naturalizada por aqueles que fazem da Educação o seu campo de ação? A
quem a princípio, caberia justamente o papel de repensar e reconstruir a
lógica dos mecanismos de inserção gerando a tão almejada igualdade
propalada pela modernidade.
Refletir
sobre a questão a partir dos paradigmas instalados e naturalizados é uma
necessidade premente em nosso próprio projeto de humanidade. Rever por
intermédio do viés da legitimação, não apenas dos saberes instituídos,
mas especialmente das condutas que veladamente corroboram no sentido de
criar, manter e preservar privilégios. Se é que, permanece em cada um de
nós um pouco da utopia de podermos usufruir nossa especificidade humana,
vivendo socialmente a plenitude de nossos mais latentes ideais. Ainda que
a modernidade, como nos afirma Bauman esteja se diluindo em instituições
e valores cada vez mais fluidos, não continuamos de algum modo, todos
desejando a igualdade, a fraternidade e a liberdade? Acima de tudo a
liberdade de termos o direito de ser nós mesmos? Com crenças, valores e
aspectos - inclusive os físicos - que nos garantam a nossa
individualidade?
A
questão da exclusão, da discriminação e da conseqüente marginalização
decorrente de uma conduta não inclusiva especialmente na escola aqui
colocada, é antes de mais nada uma necessária postura de reaprender a
olhar os nossos próprios conceitos, é um desconstruir
constante de algumas das nossas "verdades", é rever os "desconceitos"
que fomos incorporando em nossa experiência, por intermédio da implantação
de uma reflexão indispensável que se faz necessária para repensar os
mecanismos de inclusão e exclusão.
A
questão proposta:
A
questão da exclusão pode passar por diferentes análises e
possibilidades de abordagem.
A
exclusão envolve aqui, ainda, um desejo de pertencimento a esse ou aquele
grupo, e a não realização desse desejo gera frustração.
Avaliar
a exclusão no ambiente escolar pode nos levar a verificar a influência
de aspectos tais como a estrutura física enquanto divisão e organização
do espaço, a divisão do próprio tempo estabelecendo prioridades, a
avaliação - o que e como avalia, que saberes pressupõe? -, a divisão
disciplinar, a organização do currículo, o material didático
selecionado, as normas e regras de funcionamento instituídas, entre
tantos outros passíveis de menção. Esses, entre outros tantos aspectos,
contribuem para a apreensão, ainda que sutil, dos mecanismos de exclusão
e discriminação, inclusive no aspecto do "currículo oculto",
legitimados pela escola.
Outra
dimensão possível a ser avaliada está mais relacionada às questões
inerentes ao próprio sujeito podendo ser citadas entre elas a instância
física, a psíquica, a mental, a moral, a social, a econômica
financeira, a religiosa, a cultural, a cognitiva, a racial, a étnica, a
sexual bem como a relacionada às questões de gênero.
Uma
outra dimensão ainda mais subliminar da questão da exclusão diz
respeito às relações de poder instituídas em toda e qualquer
sociedade, de forma explícita ou não, às redes de influência das quais
todos fazemos parte de uma forma ou de outra, seja de que lado da
"vitrine" estejamos - ainda que "estar de fora" nem
sempre pode e deve ser visto naturalmente como exclusão - mas
especialmente naquilo que poderíamos chamar das "regras não
escritas do jogo" e que se tornam por si mesmas excludentes.
O
sistema educacional, dentro desse contexto, reproduz de algum modo as
estruturas de poder presentes em nossa sociedade.
Esse
trabalho se propõe a buscar alguns elementos para avaliar a questão da
exclusão gerada pela não alfabetização em uma sociedade
predominantemente de letrados cujos saberes legitimam a discriminação e
exclusão daqueles que não alcançaram a condição de letrados por
intermédio de mecanismos diversos.
“(...)
estigmatizam os portadores desse 'atributo profundamente depreciativo',
dessa 'desgraça', que os distingue negativamente dos 'normais' e que os
faz pessoas desacreditadas (...)”
“(...)
representa apenas diferentes nomes da mesma manipulação ideológica que
rotula, desacredita e estigmatiza as pessoas analfabetas, ao mesmo tempo
em que cumpre a função de efetivar e legitimar a sua exclusão, seja do
voto, seja do emprego, seja de qualquer outra forma de exercício de
cidadania (...)” (Ferraro, 2004).
A
partir da divulgação dos dados internacionais dos índices de
analfabetismo associados a órgãos internacionais de ajuda, especialmente
Unicef e Unesco, avaliar os índices brasileiros parece ter se tornado uma
obsessão nacional. A par da relativa utilidade de trazer à tona essa
realidade, há que se lembrar das conseqüências de uma análise não
aprofundada do fenômeno e que não se prestam senão para acirrar a
exclusão dos ainda não alfabetizados.
Por
quase quatro séculos a questão do analfabetismo não constituíra um
problema para o nosso país surgindo apenas no final do Império. Não
surge porém "com uma preocupação pedagógica associada à educação
do povo", mas antes relacionada a questões religiosas, militares,
escravistas e especialmente eleitorais, ou "eleitoreiras".
É
com a lei Saraiva, em 1881, que a questão emerge pela primeira vez de
fato, mas para proibir o voto aos analfabetos. Durante mais de um século
foi suprimido o direito ao voto aos não alfabetizados. A situação só
foi revertida com a constituição de 1988 que revoga a proibição.
Surpreendente
é que apesar dos protestos especialmente dos "liberais"
influenciados pelas idéias iluministas e positivistas, fora negado o
direito ao voto de praticamente 7/8 da população brasileira.
Quando
do primeiro censo brasileiro, realizado em 1872, a taxa de analfabetismo
no país era em torno de 82,3%, sendo de 78% o índice dos analfabetos com
mais de 10 anos. Em 1890 a situação praticamente permanecia a mesma com
82,6 % da população com mais de 5 anos analfabeta.
Dados
de 1988 divulgados pela Unicef davam conta de que 21,9% das nossas crianças
entre 7 e 17 anos permaneciam analfabetas. Segundo o mesmo órgão, em
2000, ainda havia cerca de 16 milhões de analfabetos com mais de 15 anos
em nosso país.
Para
além de uma construção histórica há que se considerar a importância
do papel da mídia no senso comum, especialmente nos últimos anos, no
sentido de associar aos índices divulgados de analfabetismo a
marginalidade, a criminalidade e a miséria.
Tomando
por base apenas a Folha de São Paulo pudemos constatar que nada menos que
46 artigos disponíveis em arquivo eletrônico foram publicados de
dezembro de 2001 até novembro de 2004,
período selecionado para essa análise, e que de alguma forma,
houve em todos eles algum tipo de menção desqualificadora quanto à
condição do não alfabetizado.
A
questão do analfabetismo no Brasil, para além de um descaso público,
aponta para aquilo que nos alerta Rabello como sendo políticas mesmo de
exclusão do analfabeto.
Maria
Amélia Azevedo , em uma análise intitulada "Para a construção de
uma teoria crítica em alfabetização escolar", demonstra que a
permanência e a reprodução de um sombrio quadro de analfabetismo em
nosso país deve-se entre outros fatores a uma relativa profecia auto
realizadora de excludência e repetência presente especialmente nos
agentes do campo da Educação. Em uma escola que ainda tem como perfil um
acesso relativamente restrito, uma permanência quase precária e
uma qualidade comprometida, os fatos
denunciam a desigualdade sócio econômica brasileira.
“Acesso
restrito porque (...) a taxa
de escolarização dos 7-14 anos, que era de 80,4% em 1980, passou a
apenas 82% em 1987.
Permanência
precária porque, apesar de 8 anos de escolaridade obrigatória, o
segmento da 5a á 8a série abrange apenas 30% dos
alunos do 1o grau. (...)
Durante
muito tempo se pensou que essa trajetória seletiva fosse o resultado
sobretudo da evasão dos alunos. Estudos criticamente orientados
permitiram constatar que o fator preponderante não é o abandono da
escola pelos alunos (evasão), mas o abandono dos alunos pela escola, graças
ao que Ribeiro denominou com toda pertinência de prática da pedagogia da
repetência. (...)
O
problema da repetência é muito mais grave na 1a série do 1o
grau...”(Azevedo, 1997)”.
E
citando o mesmo autor a quem faz referência, completa:
“Os
dados mostrados (...) indicam que, de todos os problemas de fluxo de
alunos no sistema formal de ensino, a repetência na 1a série
é o mais grave e preocupante, o que não tem sido devidamente levado em
consideração nas pesquisas educacionais.
Cálculos
realizados recentemente (...) indicam que, para o Brasil como um todo, a
probabilidade de um aluno novo na 1a série ser aprovado é
quase o dobro daquele que já é repetente na série. Isto mostra que a
repetência tende a provocar novas repetências, ao contrário do que
sugere a cultura pedagógica brasileira de que repetir ajuda a criança a
progredir em seus estudos.
Ao
analisarmos a probabilidade de reprovação para populações urbanas
pobres do Nordeste, verificamos que a probabilidade de promoção para os
alunos novos na 1a série é próxima de zero, sobe para
aqueles que já têm uma repetência e só volta a cair para quem foi
reprovado mais de duas vezes. Este dado indica claramente que nas escolas
das classes menos favorecidas de nossa população existem uma determinação
política (ainda que não explícita) de reprovar sistematicamente todos
os alunos novos. Esta prática mostra claramente a tragédia e
perversidade de nosso sistema educacional. A 1a série é feita
em pelo menos dois anos, com uma crueldade no meio: uma avaliação (real
ou simbólica) é realizada após o primeiro ano, onde é imputado ao
aluno um fracasso que já tinha sido definido a
priori pela cultura do sistema educacional “(Azevedo, 2004).
Uma
das estudiosas da questão da alfabetização e suas implicações, Leda
Verdiani Tfouni, defende que o tema deve ser avaliado não sob a ótica da
alfabetização, mas pelo seu avesso, a não alfabetização, analisando a
questão do ponto de vista cultural.
“(...)
minhas preocupações voltaram-se para olhar o que acontece com adultos não-alfabetizados
que vivem em uma sociedade que se organiza fundamentalmente por meio de práticas
escritas, ou seja, uma sociedade letrada.
(...)
o termo 'letrado' não tem um
sentido único, nem descreve um fenômeno simples e uniforme. Pelo contrário,
está intimamente ligado à questão das mentalidades, da cultura e da
estrutura social como um todo.
Minha
argumentação vai mais longe que isso: proponho mostrar que o termo
'iletrado' não pode ser usado como antítese de 'letrado'. Isto é, não
existe, nas sociedades modernas, o letramento
'grau zero' que equivaleria ao 'iletramento'. Do ponto de vista do
processo sócio-histórico, o que existe de fato nas sociedades
industriais modernas são 'graus de letramento', sem que com isso se
pressuponha sua inexistência.
A
explicação, então, não está em ser, ou não, alfabetizado enquanto
indivíduo. Está sim, em ser, ou não, letrada a sociedade na qual esses
indivíduos vivem. Mais que isso: está na sofisticação das comunicações,
dos modos de produção, das demandas cognitivas pelas quais passa uma
sociedade como um todo quando se torna letrada, e que irão
inevitavelmente influenciar aqueles que nela vivem, alfabetizados ou não.
Concluindo,
tenho a dizer que nas sociedades industriais modernas, lado a lado com o
desenvolvimento científico e tecnológico, decorrente do letramento,
existe um desenvolvimento correspondente, a nível individual, ou de
pequenos grupos sociais, desenvolvimento este que independe da alfabetização
e escolarização. Existe, no entanto, o lado negativo, o lado da perda:
esse desenvolvimento não ocorre à custa de nada. Ele, na verdade, aliena
os indivíduos de seu próprio desejo, de sua individualidade, e, muitas
vezes, de sua cultura e historicidade. A alienação, portanto, também é
um produto do letramento. A ciência, produto da escrita, e a tecnologia,
produto de ciência, são elementos reificadores, principalmente para
aquelas pessoas que, mesmo não sendo alfabetizadas, são, no entanto,
'letradas', mas não têm acesso ao conhecimento sistematizado nos livros,
compêndios e manuais. Muitas vezes, como conseqüência do letramento,
vemos grupos sociais não alfabetizados abrirem mão do próprio
conhecimento, da própria cultura, o que caracteriza mais uma vez essa
relação como de tensão constante entre poder, dominação, participação
e resistência, fatores que não podem ser ignorados quando se procura
entender o produto humano por excelência que é a escrita, e seus
decorrentes necessários: a alfabetização e o letramento “(Tfouni,
2004).
Para
além da simples aquisição de habilidades para decifrar os códigos da
escrita, associada a uma atividade motora, torna-se necessário na
sociedade atual a capacidade de compreender de forma plena.
A
escrita nesse sentido é uma das mais perfeitas invenções humanas. A
partir da invenção da escrita, sociedades inteiras se organizaram em
torno do seu domínio. No decorrer da história humana alternaram-se
comunidades em que a escrita era privilégio de apenas alguns iniciados. A
escrita torna-se portanto, importante delimitador da história humana.
Nesse contexto surgiu a alfabetização e seus subprodutos dividindo de
certa forma os homens em categorias de alfabetizados e não alfabetizados.
O
letramento, não mencionado atualmente, é ainda mais uma categoria de domínio
da escrita. Já não basta mais ser alfabetizado. É preciso ser letrado.
Nas sociedades atuais, extremamente complexas, um grupo de privilegiados
tem o domínio de todas as possibilidades oferecidas pelo sistema da
escrita, inclusive a habilidade de difundir ou ocultar informações por
meio de seu uso.
Nesse
sentido é necessário repensar a questão da não alfabetização de
forma mais ampla. Não apenas sob a ótica de uma sociedade de letrados
que entende a linguagem, de forma quase exclusiva a partir da escrita e do
domínio de seus recursos, mas antes pensar na linguagem
de uma forma mais abrangente e
em suas múltiplas formas de se manifestar como possibilidade humana.
A
escrita não é a única forma inteligente de usar a linguagem. Antes, de
abstrair. Mas abstrair não implica necessariamente na capacidade de ler o
mundo...
É
necessário lembrar que muitas vezes, antes alienamos que facilitamos, a
possibilidade de abstrair.
Ler
o mundo não é meramente ler as palavras que representam os seus
significantes. Antes de mais nada é permitir que cada ser humano possa
ter o direito de ler o mundo a partir de seus próprios referenciais, de
sua experiência de vida... De participar desse mundo, e isso, não pode e
nem deve ser obrigatoriamente de uma forma alfabetizada.
Repensar
nossos paradigmas na Educação e nossos preconceitos enquanto
participantes dessa sociedade de letrados é estar aberto a repensar.
Em
um país historicamente pouco comprometido com as questões da Educação,
especialmente no que tange às políticas públicas, como pode demonstrar
qualquer estudo mais aprofundado, parece ser um contra senso imaginar que
a sociedade dos letrados possa continuar impondo os seus próprios padrões,
perpetuando uma condição de culpabilizar justamente àqueles que não
tiveram, ainda, acesso à condição de alfabetizados.
A
escrita complementa a linguagem em sua plenitude, mas não pode e nem
deve, instituir a tirania dos letrados impedindo a manifestação mais
pura da individualidade da condição de ser pensante inerente à
especificidade humana, seja em que instância for.