Ano I - Nº 01 - Maio de 2001 - Bimensal - Maringá - PR - Brasil - ISSN 1519.6178
Conhecendo
o Diabetes
Flávia
Carnaval e Murilo Garcia Ruiz
Um
dos processos metabólicos mais importantes do organismo é a conversão de alimentos
em energia e calor, necessários para o funcionamento de todas as células do
nosso organismo. Os nutrientes, depois de absorvidos do intestino, passam
para a corrente sangüínea que os leva até as células do corpo. Com o auxílio
da insulina secretada pelo pâncreas a glicose entra nas células e é usada
para produzir energia.
No
Diabetes a glicose não consegue entrar nas células, elevando seus níveis no
sangue. Existem dois tipos:
no
DiabetesTipo I não há produção de insulina pelo pâncreas desde a infância,
e por isso o indivíduo necessita de tratamento insulínico;
no
Diabetes Tipo II a produção de insulina pode estar normal ou reduzida. No
primeiro caso a insulina é incapaz de atuar nas células, sendo portanto ineficaz
o tratamento insulínico.
O
Tipo I resulta da interação de fatores genéticos, ambientais e auto-imunes,
que destróem seletivamente as células produtoras de insulina, enquanto o Tipo
II resulta de defeitos genéticos não definidos cuja expressão é modificada
por fatores ambientais, sendo que 80 a 85% destes diabéticos são obesos (BENNET
E PUM, 2000).
Os
principais sinais e sintomas dessa afecção normalmente são: perda de peso,
fadiga, excesso de urina, muita sede, fome aumentada, impotência sexual, perda
de visão, diminuição da sensibilidade das extremidades (pés e mãos) e dificuldade
de cicatrização. O diagnóstico é feito pelo médico, tendo-se como base para
a suspeição o quadro clínico apresentado pelo paciente, e confirmando-se a
hipótese com o exame de glicemia de jejum, que consiste na aferição dos níveis
de glicose do sangue após 10 horas de jejum. Pode-se também realizar um teste
de tolerância à glicose, que pode identificar os indivíduos com maior risco
de morte por hiperglicemia (THE LANCET, 1999).
O
tratamento para o Diabetes consiste basicamente
em evitar e tratar suas eventuais complicações. Amputação de membros,
cegueira, perda da função dos rins, aumento do risco de um ataque cardíaco,
crises de hiperglicemia e de hipoglicemia (muito e pouco açúcar no sangue,
respectivamente), tudo isso pode ser evitado se o diabético levar a sério
todo o tratamento e seguir todos os cuidados sugeridos pelo médico.
Como
cuidados principais, vale ressaltar a medição constante dos níveis de glicose
no sangue, o uso regular e contínuo da medicação (seja ela a insulina ou os
hipoglicemiantes orais), uma alimentação equilibrada (contendo açúcares –
não os doces, mas outras fontes de açúcar, como batata, arroz, vegetais –,
proteínas, gorduras, sais minerais, vitaminas, fibras vegetais e água), a
prática de exercícios físicos e o cuidado com os pés.
O
exercício físico é de grande importância, pois ajuda a diminuir os níveis
de glicose do sangue. Por esse mesmo motivo, devem ser regulares e programados,
sempre com acompanhamento médico, pois o exageiro pode causar hipoglicemia.
Os
cuidados com os pés são importantes porque podem levar a amputação parcial
ou total dos membros inferiores. Isso se dá porque, no Diabetes, ocorre uma
degradação progressiva dos neurônios responsáveis pela sensibilidade à dor
– principalmente nas extremidades – associada a um menor poder de cicatrização
– devido a uma menor irrigação sangüínea. Com isso, o indivíduo pode machucar
o pé sem se dar conta e, como o tempo de cicatrização é longo, corre sérios
riscos de vir a infeccionar e transformar um corte simples numa ferida de
grave repercussão para a saúde.
Por
isso é importante que o diabético olhe diariamente para seus pés, procurando
cortes, rachaduras, bolhas e mudanças na cor da pele. Essa procura deve ocorrer
também entre os dedos, podendo-se utilizar um espelho se a pessoa tiver dificuldade.
Não se deve andar descalço nem dentro de casa, e os calçados precisam ser
fechados e macios. As unhas não devem ser cortadas muito curtas e nem devem
ser retiradas as cutículas.
A
melhor maneira de se manter um bem-estar consiste na detecção e tratamento
precoces do Diabetes.
* Acadêmicos do Curso de Medicina - Universidade Estadual de Maringá
Bibliografia:
BENNETT E PLUM. CECIL Tratado de Medicina
Interna, 20. ed. Rio de Janeiro; Guanabara Koogan,1997. Parte XVII, Cap. 205,
p.1391-1413.
CONVIVENDO COM
O DIABETES.
Material informativo produzido pelo NOVO NORDISK DIABETES SERVICES, 1999.
THE
LANCET, 1999; 354: 617-621.
www.diabetesnoscuidamos.com.br. Endereço eletrônico informativo
sobre diabetes, organizado pela Aventis Pharma Ltda. Ano 1 Nº 12.