Ano I - Nº 01 - Maio de 2001 - Bimensal - Maringá - PR - Brasil - ISSN 1519.6178
Organização e Agregação
Ivan Luiz Colossi de Arruda *
As organizações sérias e modernas incentivam os seus colaboradores: gerentes, empregados e prestadores de serviços, a se agregarem em associações para exercitarem um outro tipo de relacionamento interpessoal fora do ambiente de trabalho. Nas empresas mais organizadas, adotam-se políticas de promoção humana: reuniões, encontros, cursos e eventos até de lazer em colônias de férias para estimular e aprimorar o relacionamento entre os seus colaboradores e parceiros. Nessas organizações há sinergia entre satisfação e produtividade, entre ambiente de trabalho (organização formal) e o comportamento desses colaboradores no seu cotidiano.
Colaborador satisfeito é indicador de organização bem sucedida e vice-versa. A integração social do colaborador representa o reconhecimento e a difusão da imagem da Organização. Lições de Humanismo? Não nos iludamos, também pode haver, mas o que prepondera mesmo, são os outros interesses...
A renda é um dos fatores mais importantes de recompensa laboral que influencia na inserção e ascensão social das pessoas. A remuneração representa a valorização da profissão ou da habilidade do colaborador e propicia-lhe e aos seus, uma melhora substancial da auto-estima principalmente nas chamadas "sociedades de consumo".
As Organizações tem êxito quando conseguem potencializar as habilidades dos seus colaboradores, empregados ou não, capitalizando as suas ações para transformá-las em bons resultados para todos. E nessa organização onde estamos como é que ocorrem essas relações? As nossas habilidades ou qualidades são potencializadas, valorizadas ou reconhecidas? O fruto das nossas atividades tem contribuído para minimizar as desigualdades e as injustiças?
As Universidades, segundo
algumas teorias administrativas, dadas as suas funções e atribuições de
desenvolver, criar e difundir conhecimentos técnicos, científicos e culturais,
por meio do ensino, da pesquisa e da extensão, são classificadas como
organizações complexas. As suas relações e inter-relações, se dão de forma
peculiar e diferentes daquelas com fins estritamente lucrativos, por isso, elas
demandam maiores habilidades e adequados modelos de gestão. Tanto para a
organização formal (a estrutura e seus fins) quanto para a informal (associações,
sindicatos, DCEs, centros
acadêmicos, etc).
Para a Universidade pública há, ainda, outro complicador, por se revelar incompetente para estruturar-se e funcionar com a autonomia necessária que a própria Constituição lhe confere, tem de sujeitar-se ao poder de toda a burocracia estatal, viciada, que, mesmo calcada em princípios e leis, tem como prática habitual, desvirtuá-los.
Se para as empresas privadas as organizações informais têm papel importante, se tornam imprescindíveis nas Universidades públicas brasileiras onde, gradativamente, vão se perdendo valores, inclusive éticos. Ou será que é ética a prática de se fazer com que a escola terceirize justamente o ensino e renuncie as suas receitas para alguns dos seus docentes, subterfúgio para aumentar-lhes a renda e tornar os funcionários e alunos clientes cativos das suas (algumas) pseudo especializações? Ou, fazer dos seus alunos cobaias de "colaboradores", pois os seus titulares com dedicação exclusiva têm outros compromissos até com as faculdades particulares? Aqui, enquanto alguns estão a mercê da misericórdia de comitês de solidariedade, outros, tem remuneração cumulativa pelo diploma, pela dedicação quase que exclusiva, pelos projetos, pelos cargos, como sócios e prestadores de serviços nos chamados institutos de pesquisas onde, além da remuneração, lhes permitem pontuações para ascender na carreira da "licenciosa matriz concessionária", a mesma instituição pública de ensino que terceiriza a sua principal missão, o ensino. Numa é gratuita. Na outra, no mesmo espaço geográfico e área de interesse, não. E o Instituto de Línguas? o único que atende a toda a comunidade? Esse não! Esse tem que gerar receitas para a manutenção da instituição pública e não pode repartir as receitas entre os seus professores e servidores. E os outros institutos? Os outros, devem produzir receitas para os seus proprietários. O povo? Não. Quer dizer... titulados e tutelados pelo título também pertencem ao povo...
Algumas Universidades chegam ao cúmulo de, não obstante os seus conselhos de notáveis, da legião de advogados e contadores, Ter de ver um promotor público acioná-la por atos de improbidade ou ilegalidade por enquadrar servidores como se de nível superior fossem, sem o devido concurso e, em alguns casos, sem terem concluído um curso, dito de nível superior. E para ganharem quanto? Se fosse para ganhar como um advogado, graduado que pode chegar até R$ 9.000,00 mensais, ou R$ 300,00 por dia, mas não, para ganharem uma merreca como a que se paga para um professor em início de carreira, cerca de R$700,00. Alguns até se sentiram envergonhados, mas só que ganhando mais. Há uma nova política desses novos títulos: Cada um que se vire como puder, uma FGzinha aqui, um projetinho ali, um lugarzinho para o parente acolá... uma promessinha para a próxima gestão... um servicinho paralelo, enfim, tudo aquilo que contamina e deteriora um ambiente, tudo aquilo que menos se espera de uma escola onde se discursa princípios mas não os pratica em seu seio. É o que dá se remunerar diplomas ao invés de se remunerar projetos prospectivos ou processos inovadores. Deliberadamente, confundem capacitação com diplomação.
A propósito, as Universidades deveriam ser ranqueadas pela qualidade de homens e mulheres que formassem e não pelos diplomas que os seus docentes ostentassem, a Universidade que formou esse notável "promotor Cruz" estaria em primeiro lugar, pois Ele está fazendo aquilo que mais se espera dos egressos dos cursos de direito, a promoção da justiça, a despeito daquele poderzão que tem alguns "Lalaus" como expoentes e funciona na contramão do nosso tempo que tem, como características marcantes, a rapidez e a agilidade. Enquanto se auto homenageiam, tudo vai apodrecendo à nossa volta...
Pena que a escola (centro de formação desses agentes) não se aperceba que este é um papel que lhe cabe primeiro.
Ajude você também a transformar a nossa Entidade numa organização moderna, boa e útil para a sociedade e para nós. Os conhecimentos e as habilidades são muito importantes, mas, num período de degradação moral, autoritarismo e descompromisso social precisamos de coragem e seriedade que nos dignifique. Formando-se homens de verdade, mesmo sendo inimigos, te respeitarão e não serão traiçoeiros. Por isso que é importante valorizar a sua associação, a sua organização informal para melhorar a organização formal e despertar lideranças idealistas e desestimular as oportunistas. Aprender a conviver com as diferenças não significa adotar postura de indiferença. "Piores do que aqueles que andam envergonhados são aqueles que já perderam a vergonha".
Por que será que algumas teorias administrativas que explicam o cotidiano e o inter-relacionamento das pessoas nas organizações são desleixadas justamente num ambiente onde, só teoricamente as difunde? A quem interessa uma comunidade enfraquecida, triste, potencialmente doente, a mercê de intervenções e processos que não investiga os reais bandidos e, que, publicamente é tratada a tapas por aqueles que reajustam os seus próprios salários quando e como lhes convém?
As Estruturas informais têm papéis e missões muito mais importantes para os seus colaboradores não se desviarem e melhorarem as suas atitudes e condutas individuais e coletivas, públicas ou privadas.
* Docente no Departamento de Ciências Contábeis - UEM