nova fase...  Revista Acadêmica Multidisciplinar - Quadrimestral - Maringá - Paraná - Brasil - ISSN 1519.6178



 

Editorial:

Por que Urutágua?

O Urutágua, também conhecido como Urutau e Mãe-da-lua, é uma ave rara noturna da fauna paranaense e nacional. Seu canto triste expressa, segundo a lenda, um lamento pela perda da amada. Mimética, confunde-se com seu habitat, observa tudo à sua volta. Esta sua característica determina a adoção do seu nome para a revista: somos observadores do meio ao qual estamos inseridos. Oxalá, possamos superar a mera condição de observador!

Por que a Revista Urutágua?

A reflexão, elaboração e divulgação do conhecimento é parte essencial do esforço desenvolvido coletiva e individualmente no espaço da academia. O Centro de Documentação Maurício Tragtenberg (DCS) tem procurado estimular a produção e divulgação de trabalhos que expressam a reflexão prática-teórica dentro e fora da universidade.

A Revista Urutágua, é uma proposta do Centro de Documentação Maurício Tragtenberg (DCS), pensada como um projeto coletivo que envolve graduandos, pós-graduandos, mestrandos, mestre, doutorandos, doutores, docentes e pesquisadores no ápice da carreira universitária e pessoas da comunidade externa à universidade.

Esta experiência coletiva orienta-se por princípios pedagógicos libertários confirmados pela multiplicidade de contribuições

Contudo, os diferentes níveis de acúmulo teórico não induziram a hierarquização excludente: graduandos analisaram artigos escritos por seus professores e por seus colegas - garantido o anonimato dos autores; graduandos e pós-graduandos em especializações e/ou mestrados, escreveram artigos que nada deixam a desejar a professores e pesquisadores. A organização estrutural da revista procurou garantir esta horizontalidade: os autores estão dispostos em ordem alfabética, sem privilegiar este ou aquele. 

O respeito aos titulados, cuja carreira acadêmica está em estágio mais adiantado, não significa colocá-los no Olimpo.Esta experiência coletiva confirma que não há saber ou ignorância que sejam absolutos. Educandos e educadores aprendem mutuamente.  

Aprendemos com Maurício Tragtenberg, Paulo Freire e outros pedagogos, que a arrogância do típico titulado que se pretende proprietário do saber, o sabe tudo, absolutiza a ignorância do outro. Esta atitude, além de intensamente prejudicial ao crescimento intelectual próprio e do outro, restringe e anula os espaços onde poderia se manifestar a troca, a comunicação e o diálogo. 

O arrogante que se ampara na autoridade da titulação e da norma legal burocrática, pouco ou nada contribui para o desenvolvimento do livre debate, do livre pensar: ele pensa, o outro é pensado e/ou repete o pensamento afirmado; ele detém o conhecimento, o outro assimila-o a conta gotas; ele educa, o outro é educado; ele prescreve sua opção, os outros o seguem; ele atua, os outros vivem a ilusão de que são refletidos nele; ele afirma sua autoridade funcional e se opõe à liberdade dos demais, pois que colocaria em risco seu castelo de areia fundado num saber que não germina; ele é o sujeito do processo, os outros meros objetos.

O educador esquece que, também ele, precisa ser educado. O saber deste tipo de educador, aparece como uma dádiva, como uma doação de quem se julga o sábio dos sábios. Ele não apenas absolutiza a ignorância, mas aliena-a. Consciente ou inconscientemente ele reproduz a ideologia da opressão: só o outro é ignorante.

Numa estrutura onde os mecanismos de controle induzem a práticas desvinculadas de sentido crítico e solidário; onde a própria crítica é domesticada e inserida no contexto de aniquilamento crítico da crítica, isto é, especulação e institucionalização da crítica, coloca-se o desafio de não confundir meios e fins, de não substituir os primeiros pelos segundos, nem de adotar meios que sejam incompatíveis com os fins, ou mesmo, que expressem sua negação.

Eis os fundamentos da Revista Urutágua, uma concepção, política-pedagógica que enfatiza a heterodoxia, sem negar o direito do ortodoxo se manifestar; que expressa a crítica contundente à burocratização do saber formal e institucionalizado, mas que se opõe frontalmente a qualquer postura sectária diante deste; que, em suma, afirma a necessária liberdade de pensamento, o estímulo à livre reflexão, a divulgação das idéias, o debate e a problematização, enquanto requisitos imprescindíveis ao processo educativo e antídoto à prática pedagógica burocrática.

A Revista Urutágua busca estimular, a pesquisa e a elaboração teórica, em especial dos que estão em seus primeiros passos na vida acadêmica. 

A Revista Urutágua procura se constituir num espaço necessário e específico que possibilite ao acadêmico e ao não-acadêmico refletir sobre as diferentes questões da realidade sócio-econômica, política, cultural e filosófica, publicar e divulgar sua produção teórica.

Além disso, trata-se de propiciar um espaço onde o livre pensar, sem qualquer estorvo ideológico, possa fluir e, com isto, contribuir para o debate democrático e pluralista sobre as questões pertinentes ao locus universitário e à sociedade.

A Revista Urutágua pauta-se pelo livre desenvolvimento e exposição das idéias, recusa o pensamento único e doutrinário e pretende constituir-se num fórum que privilegie a reflexão em lugar da reprodução.

A Revista UrutáguaRevista Acadêmica Multidisciplinar, favorece e fortalece o intercâmbio de idéias, projetos e pessoas, entre as diferentes áreas do conhecimento. 

Enquanto espaço de estímulo à criatividade e produção intelectual, aberta à contribuição democrática e pluralistas dos acadêmicos, docentes e a comunidade em geral, a Revista Urutágua, advoga a necessidade de substituir o egoísmo individualista pelo respeito mútuo, humildade intelectual e amor ao saber. Mais que fundamentos teóricos, precisamos de novos fundamentos éticos e de uma nova postura diante do conhecimento. 

Agradecemos a todos que enviaram artigos e autorizaram a publicação; agradecemos aos pareceristas e, enfim, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste projeto.

* Antonio Ozaí da Silva - Editor-coordenador (CDMT-DCS/UEM)  


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Última atualização: 12 setembro, 2004.