A
educação como instrumento da transformação e de qualificação do
trabalho, atingiu no século XX, uma extraordinária rapidez em sua
universalidade sem parâmetros na história da humanidade. Entre Eras de
catástrofe e de ouro, a educação passou a significar acima de tudo um
fator de status superior concebido entre as camadas da sociedade.
Além disso, cada vez tornou-se mais evidente a força com que são
transmitidos valores, que fazem perpetuar as relações entre os grupos
que compõem a sociedade contemporânea. Sob perspectiva histórica, serão
abordadas aqui as contradições das reformas educacionais dentro da lógica
alienante da sociedade do capital, tendo como parâmetro às análises de
István Mészáros.
O objetivo não é discutir pontos específicos de qualquer tipo de
reforma, ou analisar qualquer que seja em específico. Trata-se de uma
discussão em perspectiva global que procura evidenciar através de uma análise
marxista as tentativas de reformulação dos sistemas educacionais nas
sociedades capitalistas.
Para
o historiador Eric Hobsbawm as transformações no mundo da produção
fizeram romper definitivamente com o mundo do passado e levaram a uma súbita
morte do campesinato. A mecanização e o avanço da tecnologia foram
responsáveis pelo êxodo rural, principalmente em países industrialmente
desenvolvidos. Paralela a esta urbanização do mundo, Hobsbawm aponta
que, em proporções ainda maiores e em conseqüência de tais transformações,
houve o crescimento de ocupações que exigiam educação secundária e
superior e conseqüentemente a demanda por estas.
Na
verdade, as famílias corriam a pôr os filhos na educação superior
sempre que tinham a opção e a oportunidade, porque esta era de longe a
melhor chance de conquistar para eles uma renda melhor e, acima de tudo,
um status social superior. dos estudantes latino-americanos entrevistados
por pesquisadores americanos em meados da década de 1960 em vários países,
entre 79% e 95% estavam convencidos de que o estudo os colocaria numa
classe social superior dentro de dez anos. (HOBSBAWM, 1995, p. 291)
Esta
perspectiva conferida à educação é refletida em escala global. O
aumento da demanda por educação deveu-se em grande medida, ao
enfraquecimento do antigo modelo de ascensão e a crescente oferta de
trabalho criada pelo novo modelo econômico industrial. Grande parte das
camadas médias acreditava que as hierarquias ocupacionais das empresas
e/ou as “nobiliarquias” do Estado, eram as únicas formas, através da
qual poderiam manter ou conseguir status. Assim, a procura de
trabalho cresceu significativamente, o que caracterizava a oferta, mas não
o emprego, pois entre ambos havia a exigência de qualificação.
(Atualmente o discurso da falta de qualificação ainda é utilizado em
grande medida pelos gestores para justificar o desemprego de pessoal de nível
médio e superior). Grosso modo, a grande demanda por educação e a
“precária” qualificação profissional, além dos aspectos técnicos,
foram pautas de grande parte das reformas educacionais na segunda metade
do século XX.
Falta
de vagas nas instituições de ensino superior; exclusão das camadas
populares à educação; estrutura física precária para educandos e
educadores; desvalorização dos profissionais da educação; desvalorização
do trabalho qualificado pelo nível de instrução... É possível
ressaltar diversos tipos de problemas inerentes aos sistemas educacionais
na contemporaneidade, principalmente nas zonas periféricas. (Naturalmente
respeitando as especificidades de problemas de cada realidade econômica,
social e cultural que assume cada nação) A grande maioria foi levada em
consideração por reformas. No entanto, como dizia Marx: “a tradição
de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos
vivos”. As reformas que visavam solucionar ou ao menos amenizar tais
problemas fracassaram e novamente os velhos problemas “oprimem como um
pesadelo o cérebro dos vivos”.
O
sistema educacional é apenas a “ponta do iceberg” dos problemas que
envolvem a sociedade do capital. Embora haja especificidades da realidade
política, social e econômica de cada nação, a lógica sócio-metabólica
permanece a mesma. De forma que, a educação é profundamente integradora
da totalidade das relações sociais e institucionais da sociedade na qual
vivemos.
O
sistema educacional formal da sociedade não pode funcionar tranqüilamente
se não estiver de acordo com a estrutura educacional geral – isto é,
com o sistema específico de “interiorização efetiva” - da
sociedade. A crise das instituições educacionais é uma crise da
totalidade dos processos dos quais a educação formal é apenas uma
parte. A questão central da atual “contestação” das instituições
educacionais não é simplesmente o “tamanho das classes”, a
“inadequação das instalações de pesquisa” etc, mas a razão de ser
da própria educação. Essa questão envolve inevitavelmente não só a
totalidade dos processos educacionais, “desde a juventude até a
velhice”, mas também a razão de ser dos instrumentos e instituições
do intercâmbio humano em geral. (MÉSZÁROS, 1981, p. 272)
Mészáros
aponta que as instituições educacionais são apenas uma parte do
restante da totalidade que envolve a sociedade. De forma que os problemas
que envolvem as instituições educacionais são reflexos de uma crise da
totalidade dos processos sociais, ou seja, uma crise estrutural de todo
sistema da “interiorização”
capitalista. “Essa “interiorização”, desnecessário dizer, não
pode ocorrer sem o efeito combinado de várias formas de “falsa consciência”,
que representam as relações sociais alienadas de produção de
mercadorias como expressão direta, “natural”, dos objetivos e desejos
do indivíduo.” (MÉSZÁROS, 1981, p. 270).
Nesta
perspectiva, podemos entender que, as estruturas reificadas
e alienadas que envolvem as relações
sociais no mundo do capital, oferecem remédios meramente parciais para
problemas globais. Como os problemas em jogo são amplos, surge uma
contradição entre o caráter global dos fenômenos sociais criticados e
a parcialidade. O gradualismo dos remédios que são os únicos compatíveis
com a lógica sócio-metabólica do capital. Há nesta lógica, um princípio
de abstração dos problemas que envolvem as instituições e relações
sociais em geral. Nenhuma novidade nisso, tendo em vista o “espírito
comercial” levar a quase perfeição a divisão social do trabalho.
O
grande dilema que envolve as reformas educacionais é a constatação
de que o gradualismo reformista intensifica as contradições inerentes às
relações sociais e institucionais alienadas, ao invés de superá-las.
Ao tentar amenizar um problema, surgem outros, decorrentes das soluções
praticadas para amenizar o primeiro, e assim por diante. Dessa forma vão
surgindo as reformas, uma após a outra na tentativa de reformar o que é
irreformável.
Tendo
isso em vista, não é de surpreender que as grandes utopias educacionais
do passado – que originalmente visavam a contrabalançar a força do
poder alienante e desumanizador do “espírito comercial” – fossem
totalmente ineficazes contra a difusão da alienação e da reificação
em todas as esferas da vida. Mesmo no campo da educação superior, que
por muito tempo se pode proteger sob a fachada glorificada de sua própria
irrelevância para as necessidades de um capitalismo de laissez-faire
que se expandia “espontaneamente”, o ideal de criar um “indivíduo
multilateral” e “harmonioso” foi gradualmente abandonado e a mais
limitada especialização predominou em seu lugar, passando a produzir
“conselheiros”, “peritos” e “especialistas” para a máquina do
capitalismo moderno, que cresce como um câncer. (MÉSZAROS, 1981, p.
268-269)
Mészáros
leva-nos a entender que, a transformação qualitativa e quantitativa da
educação sob a perspectiva de humanização e socialização do
conhecimento, tornar-se-á impossível sem a superação da lógica sócio-metabólica
do capital. Os sistemas educacionais não estão abstraídos do restante
do conjunto das totalidades que envolvem a sociedade, e sim compõem uma
parte desta. A lógica predominante e global que rege as relações
sociais de produção, não pode ser superada pela parte que compõe o
conjunto das totalidades. De forma que se torna necessário romper com a lógica
sócio-metabólica do capital, para que seja possível emancipar as partes
do conjunto das totalidades alienadas no mundo das mercadorias.
O
“espírito comercial”, para a sua plena realização, exige a
fragmentação, a mecanização e a reificação de todas as relações
humanas. É por isso que a sorte do ideal de “universalidade”,
expresso nas grandes utopias educacionais do passado, foi selada na forma
que todos sabemos. O que decidiu a sorte dessas utopias no momento mesmo
de sua concepção foi o fato de pretenderem produzir seus efeitos no
lugar das modificações sociais necessárias, e não através delas. (MÉSZÁROS,
1981, p. 269)
A
educação é uma dimensão da vida, que se transforma historicamente
acompanhando e articulando-se às transformações dos modos de produzir a
existência humana. Logo, se faz parte da lógica da sociedade da qual
vivemos a mecanização, fragmentação e a reificação. A fundamentação
e organização dos sistemas educacionais seguirão o mesmo propósito.
Segundo Mészáros, “a educação tem duas funções principais numa
sociedade capitalista: (1) a produção das qualificações necessárias
ao funcionamento da economia, e (2) a formação de quadros e a elaboração
dos métodos para um controle político”. (MÉSZÁROS, 1981, p. 273)
Qualquer alteração que provoque um descompasso entre estas duas funções
principais, os sistemas educacionais tornam-se objeto de reforma. A
reforma portanto, não visa a humanização e socialização do
conhecimento, mas sim, a adequação às novas formas sociais de produção
e reprodução da sociedade capitalista, que em determinado momento histórico
entram em contradição.
A
razão do fracasso de todos os esforços anteriores, e que se destinavam a
instituir grandes mudanças na sociedade por meio de reformas educacionais
lúcidas, reconciliadas com o ponto de vista do capital, consistia – e
ainda consiste – no fato de as determinações fundamentais do sistema
do capital serem irreformáveis. (...) Limitar uma mudança educacional
radical às margens corretivas interesseiras do capital significa
abandonar de uma só vez, conscientemente ou não, o objetivo de uma
transformação social qualitativa. Do mesmo modo, contudo procurar
margens de reforma sistêmica na própria estrutura do sistema do
capital é uma contradição em termos. É por isso que é necessário
romper com a lógica do capital se quisermos contemplar a criação
de uma alternativa educacional significativamente diferente. (MÉSZÁROS,
2005, p. 26-27)
Para
ilustrar os limites inerentes às reformas educacionais na sociedade do
capital, utilizaremos dois exemplos: a demanda pela educação superior e
as políticas de contenção empregadas nos Estados Unidos e no Brasil no
início do terceiro quarto do século XX.
Wright
Mills em A Nova Classe Média, mostrou as origens de uma política
de contenção das demandas de educação escolar nos EUA. Mills segue a
mesma linha de Hobsbawm ao demonstrar como se formou e se processou a
busca pelos cargos de “colarinho branco”. Após a segunda guerra
mundial, o tipo de cargo de “colarinho branco”, passa a ser a
“menina dos olhos” das camadas médias da sociedade estadunidense.
Este tipo de cargo em grandes empresas era impetrado pelo nível de
escolaridade e capacitação dos pretendentes. No entanto, com o passar de
algumas décadas o mercado de trabalho já não conseguia absorver a mão-de-obra
especializada recém saída dos “fornos” das universidades. Gerando
assim, desemprego e desvalorização da força de trabalho. Desta forma,
é posta em prática algumas idéias que primavam o desencorajamento dos
estudantes de nível médio a almejarem cargos do tipo “colarinho
branco”.
Essas
idéias são postas em prática de maneira geral, embora oficiosamente,
nas escolas secundárias americanas o diretor de um ginásio declara:
“esse sistema educacional é um terrível desperdício de dinheiro e de
tempo para a cidade. (...) É surpreendente o número de alunos de 8C que
aspiram prestígio de um emprego de colarinho-branco. Por isso, procuro
mostrar-lhes que é difícil ajustar-se a tal tipo de emprego e progredir
nele, a maioria dos alunos não é feita para esse tipo de trabalho. (MILLS,
1976, p. 288)
Problema
sério para as camadas médias, mas nem tanto para as camas inferiores.
Neste mesmo estudo, Mills aponta que, o nível de instrução dos filhos
tem muito mais haver com as condições financeiras dos pais, do que
propriamente com a inteligência de suas proles. E ao final, aponta as
suas conclusões acerca do sistema educacional estadunidense. Embora a
citação seja longa, vale a pena conferir.
Estamos,
assim, muito longe da crença “na igualdade de instrução” como uma
parte do modelo americano de sucesso. Primeiro, a instrução é uma via
muito especializada que se reserva às elites com possibilidade de acesso
à classe superior; para a maioria da população, o caminho da ascensão
social não inclui a educação. Homens independentes, que se fazem
sozinhos, competem num mercado aberto e alcançam os níveis
correspondentes às suas capacidades.
Segundo,
a educação democratiza-se em virtude das reivindicações políticas e
necessidades econômicas, a estrutura ocupacional requer pessoas
alfabetizadas e dotadas de algumas aptidões, e instala, portanto, um período
em que o sucesso exige a instrução. O sistema único de ensino para
todos não é objetado, pois a ideologia da igualdade de oportunidades
significa que todas as posições elevadas são disputadas por todos
aqueles que tem capacidade para galgar a escala educacional.
Terceiro,
a instrução é necessária para quase toda a mobilidade ocupacional, mas
como a oferta excede a demanda, a educação é submetida a uma
estratificação burocrática, através da qual os jovens são
selecionados por testes e outros tipos de medida. (...) Como a demanda de
pessoas instruídas fica abaixo da oferta, como ocupações que exigem
pessoal formado são fragmentadas e padronizadas, como o número de matrículas
continua a aumentar, as diferenças de renda e prestígio entre os mais
instruídos e os menos instruídos diminuem. (MILLS, 1976, p. 289)
As
questões apontadas por Mills, configuram-se no tipo de sociedade baseada
numa economia de mercado competitiva do tipo liberal. Nesta perspectiva,
é “natural” que os sujeitos alcancem o sucesso almejado de acordo com
suas capacidades que também são construídas ou obtidas
“naturalmente”. Aqui entra a ideologia do “Dom”, muito bem
desmistificada por Pierre Bourdieu em L’école conservatrice. Les inégalités
devant l’école et la culture. Na segunda questão, Mills aponta
que, a instrução só é desejável no momento de necessidade do mercado,
ou seja, no momento em que estrutura econômica requer mão-de-obra
especializada. Neste sentido, a educação não é bem vista como
principio de universalização e socialização do conhecimento, mas
apenas como instrumento de capacitação de “uns poucos” para o
mercado. De forma que, para estes poucos, a igualdade de oportunidades
seja exercida plenamente. Por último, os apontamentos de Mills se
encaixam na velha conhecida Lei da oferta e da procura: quanto mais gente
escolarizada no mercado, mais é desvalorizado este tipo de qualificação.
De maneira que, a diferença entre a remuneração exercida aos
“escolarizados” e aos “não escolarizados” tende a diminuir.
A
questão da demanda por educação também foi pauta das discussões que
ensejaram a Reforma Universitária de 1968 no Brasil. Entre os anos 50 e
60, a procura pela educação de nível médio e superior aumentou em
grandes proporções.
A
partir de 1964 intensificou-se o processo econômico de concentração de
propriedade, capital, renda e mercado, devido à política econômica,
adotada a partir daí. Houve então, grande quantidade de falências de
pequenas empresas durante a recessão a partir do primeiro semestre desse
ano. Com isso, ficavam mais dificultadas as possibilidades de ascensão da
classe média via poupança, investimento e reprodução de capital através
da instalação de pequenas empresas, artesanatos e de exercícios de
profissão liberal. Em conseqüência, a demanda do ensino superior
aumentou de modo que o crescimento das matrículas resultou insuficiente
diante de uma procura cada vez maior. No período 1964 – 1968, o número
de candidatos às escolas superiores cresceu de 120%, taxa superior à
elevação do número de vagas que foi de 56%. (CUNHA, 1980, p. 238-239)
Com
o crescente aumento de pessoas interessadas em instrução superior e a
falta de vagas tanto na rede privada quanto na rede pública. Começa
haver uma pressão social para que fosse ampliado o sistema de ensino
superior no Brasil. No entanto, os tecnólogos em educação junto aos
organismos governamentais, sabiam que dentro do modelo de desenvolvimento
econômico, caracterizado pela sua dependência externa, não era possível
ampliar a rede de ensino superior e conseqüentemente as vagas almejadas
pelas camadas médias. Isso por que poderia comprometer o empenho do
Estado na concentração de capital e ao atendimento de outros serviços públicos.
Em
primeiro lugar, o atendimento das demandas de mais vagas implicava,
necessariamente, um grande aumento de despesa pública. (...) A pressão
no orçamento já era de tal modo intensa que esse crescimento das matrículas
no ensino superior impedia que se melhorasse o atendimento no ensino primário
e ginasial que permaneceu praticamente estagnado. (...) se esse
crescimento de vagas nas escolas superiores se desse a um ritmo ainda
maior, poderia haver um comprometimento do esforço do Estado na concentração
de capital e/ou uma diminuição do desempenho de outros serviços públicos.
(...) Em segundo lugar, o aumento da taxa de expansão de vagas nas
escolas superiores resultaria, a curto prazo, no aumento do contingente de
profissionais demandando emprego, problema considerado politicamente mais
grave do que a “simples” demanda de vagas. (CUNHA, 1980, p. 239-240)
Diante
de tal dilema, a solução encontrada pelo Governo foi criar políticas de
profissionalização do ensino médio. Com isto, as necessidades menos
apuradas de qualificação eram atendidas, tirando um pouco do “peso das
costas da universidade” em fornecer mão-de-obra especializada. “Essa
preocupação estava presente no Relatório do Grupo de Trabalho da
Reforma Universitária de 1968, que recomendava, como solução do
problema, a longo prazo, a profissionalização do ensino médio.”
(CUNHA, 1980, p. 245)
Nos
dois casos expostos, as soluções encontradas não resolveram os
problemas da marginalização e exclusão geradas pelos sistemas
educacionais. O que houve foi apenas a tentativa de “tapar o sol com a
peneira”. Enquanto a lógica do sistema for a produção de mercadorias,
ao invés de ser a satisfação de necessidades humanas, a educação irá
continuar a ser apenas objeto das necessidades nefastas do capital.
Para
concluir, é necessário ressaltar que a questão da demanda educacional
tratada aqui como exemplo foi apenas meramente ilustrativa, existem
diversos outros tipos de problemas que cercam os sistemas educacionais e
que as reformas apenas amenizam-nos, não sendo o remédio necessário
para o diagnóstico. O que foi pretendido mostrar, é que qualquer reforma
educacional empregada no mundo capitalista, tende a satisfazer as lógicas
sócio-metabólicas do capital, não podendo ser diferente. Os sistemas
educacionais não estão deslocados da estrutura econômica, política e
jurídica da sociedade. Os objetivos e fins da educação são originados
por determinadas formas de consciência que se articulam com as transformações
dos modos de produzir a existência humana. Já dizia Marx: “a
totalidade destas relações de produção forma a estrutura econômica da
sociedade, a base real sobre a qual se levanta uma superestrutura jurídica
e política, e a qual correspondem formas sociais determinadas de consciência.”
(MARX, 1978, p. 130) Imaginar que a educação possa ser reformada
seguindo esta lógica, na perspectiva de torna-la mais humana e universal
é perder de vista a compreensão sobre o funcionamento e a lógica do
capital. Como
dizia José Martí: “Las redenciones han venido siendo formales, es
necesario que sean esenciales”.