Nossos
passos na arte de pensar são guiados por viagens e exílios, nas escolhas
que fizemos e nas trajetórias que seguimos. Para pensar a vida social é
imprescindível ter pensamentos nômades, bem como certo desassossego
diante dela. É necessário acompanhar seus movimentos, mas sempre estar
atento às palavras que a compõem e os sentidos que a atravessam.
Ler
a vida social só é possível quando a olhamos sem enclausurá-la ou
limitá-la ao que pensamos, como ressalta Oswald de Andrade: “livre de
todas as catequeses”, aberta sem adesão a nenhuma fórmula de expressão
do mundo, mas apenas sempre em experimentação para “ver com olhos
livres”. (ANDRADE, 1970, p. 6;9). Ler não é desvendar e decifrar um
significado, é antes uma busca de sentidos, numa resposta (ou não) a
expectativas. Ao lermos, procuramos verbalizar o que potencialmente já
sabemos e pensamos, numa viagem do olhar através de (re) apropriações textuais. Sendo assim, pensamos
aqui na trajetória do intelectual como um estrangeiro diante do que
pretende conhecer, e apontamos algumas considerações sobre sua relação
com a questão das identidades e diferenças na socialidade contemporânea.
A
leitura é uma descoberta de novos jardins nos textos alheios, uma
desterritorialização do que foi escrito para que haja outras invenções.
A leitura não tem lugar e nada estoca, trata-se sempre de uma arte de
fugas, que nos “exilam de certezas”, como afirma Michel de Certeau.
(1994, p. 269).
A
autonomia do leitor depende da transformação de suas relações sociais
que condicionam, por assim dizer, sua atividade diante dos textos. Se
antes o leitor tinha uma experiência de interiorização do texto através
da voz, a herança moderna criou uma relação de silêncio diante do
texto, somente os olhos se movem na “metamorfose do texto diante do
olhar que viaja”. O corpo se retira do texto e se compromete apenas com
a mobilidade do olhar. Dessa maneira:
Os
leitores são viajantes; circulam nas terras alheias, nômades caçando
por conta própria através dos campos que não escreveram (...) a leitura
não tem garantias contra o desgaste do tempo (a gente se esquece e
esquece), ela conserva ou conserva mal a sua posse, e cada um dos lugares
por onde passa é repetição do paraíso perdido. (CERTEAU, 1994, p.
269-270).
Pensar
consiste, não em traçarmos verdades de modo isolado e introspectivo, nem
realizar promessas confortantes é mais uma composição do ler, do
sentir, do ouvir, passos da incerteza, cheiro dos livros. Parte de tudo o
que apreendemos no que fazemos, um deslizar pela página fria do texto
aquecendo-a com nossas idéias, para que estas encontrem outras e assim a
vida social se torne na escrita uma partitura de palavras. Nas palavras de
Alberto Manguel:
O
leitor que lê o sentido é o leitor que confere sentido a um objeto,
lugar ou acontecimento, uma certa legibilidade possível ou que a
reconhece neles; é o leitor que deve atribuir significado a um sistema de
signos e depois decifrá-lo. Todos lemos a nós e ao mundo à nossa volta
para vislumbrar o que somos e onde estamos. Lemos para compreender, ou
para começar a compreender. (MANGUEL,
1997, p. 19-20).
Estamos
assim imersos no que pensamos, grudados às palavras que nos servem de
pontes entre o que pensamos e o que vemos. Movidos por leituras e
pensamentos não deixamos de ser como estrangeiros, pois aproveitamos o
que as idéias nos aprazem, mas nada podemos conter em nossas mãos. Nossa
bagagem é sempre provisória e é só para que nos permita lançar
olhares sob uma determinada realidade e situação. Nada guardamos, antes
usufruímos e partilhamos construções do olhar. Como nos inspira Guimarães
Rosa: “A vida é também para ser lida. Não literalmente, mas em seu
supra-senso. E a gente, por enquanto, só a lê por tortas linhas”.
(ROSA, 2001, p. 30).
O
Intelectual como um Estrangeiro
Em
nossas aventuras pelo conhecimento, entramos em terras estranhas, em
outros universos, e podemos ser vistos como estrangeiros. (SIMMEL, 1983).
Como andarilhos trocamos, simbolicamente, bens concretos e simbólicos,
sentimentos e linguagem, assim como o estrangeiro que não é “proprietário
de terras”, tanto do ponto de vista físico quanto metafórico. Também
por sua mobilidade entra em contato com todos os elementos do grupo sem
estar ligado inteiramente aos seus laços, mas de maneira mais livre por
eles transita, estando num “entre - lugar” de distanciamento e
proximidade.
Aceitarmo-nos
como estrangeiros é de certa maneira admitir que as denominações do que
seja bem ou mal, identidade ou diferença, sedentarismos ou nomadismos
numa cultura e numa sociedade, não podem ser tomados como dados, mas
antes como pontos de partida para desconstruções e construções de
outras leituras. Assumimos como ofício suspender relações para contemplá-las
não como nativos ou cativos de suas lógicas, mas como críticos do que
elas constituem.
O
pesquisador é movido por uma vocação e esta, na vida intelectual,
apresenta, segundo Max Weber, a flama de uma dedicação apaixonada. Ao
contrário disso, seria melhor que nos dedicássemos a qualquer outra
coisa. (SILVA, 2004, p. 9-22). O lugar onde se escreve se torna, de alguma
maneira, morada, um modo de habitar poeticamente, com toda a tensão
exigida pela vida e pelo pensamento. Para quem pensa e o confirma na fala
e na escrita não há como se acomodar num ideal e num território
sedimentado por grupos, ratificando valores, pois não é possível
construir solos firmes de idéias, antes vagar por elas, escolhendo as que
lhe permitem criar e transmitir liberdade, deixando-as de lado quando o
vento de outras chegarem.
O
lugar da ciência não é o do “conforto na desventura”, antes
investigar e estabelecer relações entre os fatos. Tão pouco ela nos
proporciona consolo, é antes um trabalho lento, constante, hesitante para
compreender o que lhe é exigido, ainda que nem sempre as peças se
completem. Lidar com ela é como o trabalho do escultor sobre a argila,
lembra Freud, na qual, de maneira incansável, modificamos sempre os esboços,
removemos sobras, acrescentamos outras até chegar àquilo que se sente
como sendo “um satisfatório grau de semelhança com o que se vê ou
imagina”. (FREUD, 1999, p. 169-170).
Lidando
com o conhecimento científico, posicionamo-nos de alguma maneira como se
estivéssemos “fora do lugar”, pois nos exige sempre o esforço do
deslocamento das respostas fáceis e mesmo do conforto de nos abrigarmos
numa única trilha teórica ou conceitual. A mobilidade da vida nos impele
a buscar sempre outros olhares e não nos acomodarmos a nenhum prisma.
Talvez seja uma trilha na qual seja exigido de nós um constante olhar
sobre diferenças, para que elas tenham efeito sobre aqueles que se
abrigam na construção de identidades e para que a alteridade tenha espaço
de se perdurar. Portanto,
Quem
chegou, ainda que apenas em certa medida, à liberdade da razão, não
pode sentir-se sobre a Terra senão como andarilho - embora não como
viajante em direção a um alvo último: pois este não há. Mas bem que
ele quer ver e ter os olhos abertos para tudo o que propriamente se passa
no mundo; por isso não pode prender seu coração com demasiada firmeza a
nada de singular; tem de haver nele próprio algo de errante, que encontra
sua alegria na mudança e na transitoriedade. (NIETZSCHE, 1996, p.
99).
O
intelectual não deixa de ser um andarilho e em si um exilado de seu próprio
contexto e do conforto de se abrigar num conjunto de idéias que o
confortem. Do latim exiliu, exílio significa “expatriação forçada,
degredo, desterro; lugar onde reside o exilado, lugar afastado, solitário
ou desagradável de habitar”. (FERREIRA, 1998). Ou ainda, “lugar
triste, solitário, sem alegrias”. (LAROUSE CULTURAL, 1992). Essa metáfora
sempre nos acompanhou na medida em que revela as limitações aos desejos
e aos encarceramentos cotidianos. No entanto, influenciando-nos por Edward
Said, tomamos como metáfora acionadora dos movimentos do trabalho
intelectual com conceitos e com escolhas teóricas. Uma trilha na qual o
intelectual “encontra-se sempre entre a solidão e o alinhamento”.
Contudo, tendo como esforço “derrubar os estereótipos e as categorias
redutoras que tanto limitam o pensamento humano e a comunicação.”
Enfim:
No
fundo o intelectual, (...) não é nem um pacificador nem um criador de
consensos, mas alguém que empenha todo o seu crítico, na recusa em
aceitar fórmulas fáceis ou clichês prontos, ou confirmações afáveis,
sempre tão conciliadoras. (SAID, 2005, p. 35; 10; 36).
Sem
destino garantido e sem consolos ou segurança seguimos sem nos limitar
aos livros ou ao que ouvimos, antes corremos riscos de perder ainda que
seja o que conquistamos intelectualmente para que se criem outras coisas e
para que outros olhares se tornem possíveis. Estar, de certa maneira,
numa condição de exílio “significa que vamos estar sempre à margem,
e o que fazemos enquanto intelectuais tem de ser inventado porque não
podemos seguir um caminho prescrito”. (SAID, 2005, p. 69).
A
condição do exilado não deixa de ser uma metáfora para exemplificar o
percurso do intelectual, nunca adaptado plenamente, um ser inquieto e a
provocar inquietações. Ao contrário da maioria das pessoas, o exilado,
como o intelectual, tem uma “consciência de dimensões simultâneas”
(SAID, 2003, p. 59) sobre o que seja uma cultura, um cenário e um país.
Nunca vendo as coisas de maneira isolada, e nem “vendo as coisas não
apenas como elas são, mas antes como se tornaram o que são”, o que
significa perceber os valores, as crenças e as relações como
“contingentes e não como inevitáveis”, percebê-las como escolhas e
não a elas se converter. Escolhas dos indivíduos e da sociedade e não
“naturais ou ditadas por Deus e, por conseqüência, imutáveis,
permanentes, irreversíveis”. Assim:
O
exílio é um modelo para o intelectual que se sente tentado, ou mesmo
assediado ou esmagado, pelas recompensas da acomodação, do conformismo,
da adaptação. Mesmo que não seja um imigrante ou expatriado, ainda
assim é possível pensar como tal, imaginar e pesquisar apesar das
barreiras, afastando-se sempre das autoridades centralizadoras em direção
às margens, onde se podem ver coisas que normalmente estão perdidas em
mentes que nunca viajaram para além do convencional e do confortável.
(SAID, 2005, p.67-68; 70).
O
intelectual é, de certa maneira, como um estrangeiro a explorar outros
itinerários, atraído pelo provisório e pelo arriscado, não pelo
habitual, pela inovação e não pelo que já está estabelecido, e como
lembra Edward Said, se no mundo real, precisamos ser nós mesmos,
“dentro da academia precisamos ser capazes de descobrir e viajar entre
outros eus, outras identidades, outras variedades da aventura humana”
(SAID, 2003, p. 207). Reconhecendo que o que há mesmo é “homem humano.
Travessia” (ROSA, 2001, p. 642). Ou como lembra Herman Hesse, mesmo que
para o verdadeiro pesquisador seja crucial o desejo de encontrar sempre
uma nova idéia não deveria “esposar doutrina alguma”, nem ter
nenhuma conversão. “Em compensação, aquele que já encontrou poderia
admitir todas as vias, todos os fins” (HESSE apud MAFFESOLI, 1988,
p.75).
Passear
entre idéias e entre as vivências das pessoas é como construir pontes e
trilhas num território sempre fluido, pois apenas nos aproximamos
abstratamente do que é realmente experimentado, por isso é tão
relevante que nossas idéias encarnem os embates neles presentes, e não
nos iludamos com quadros de narrativas homogêneas e nem com relações
harmônicas, pois “a vida é um vago variado, (...) é muito discordada. Tem partes. Tem
artes”. (ROSA, 2001, p.516; 520). Portanto,
não seremos nós que a desvelaremos, antes tentamos apresentá-la, como
um jogo intricado de relações e interesses.
Rastros
da Socialidade entre Identidades e Diferenças
O
pensamento e a vida não podem ser lidos como “arborescentes, enraizados
e nem ramificados”, mas formando conexões que não se reduzem nem ao uno e nem ao múltiplo,
mas como cambiantes em zonas de intensidades que percorrem todo o corpo
social para relembrarmos Deleuze e Guatarri (1995).
Através
dos conceitos é que no campo das ciências sociais tentamos delinear
nossas leituras sobre a vida social. Mas até que ponto esses conceitos
falam mais do que podem dizer? Quantas vezes não aparecem como se
pudessem sustentar realidades inteiras sob suas sombras? Até que ponto nós
esticamos os conceitos para ocultar o que não conseguimos enfrentar como
estranho ou desconhecido? Tais questionamentos parecem ser pertinentes ao
pensarmos na utilização dos termos “identidade e diferença”,
discussão sobre a qual nos debruçamos.
Não
seria pertinente pensar nos exílios que cercam a postura do pesquisador e
rondam suas leituras? Que princípios norteiam nossas escolhas teóricas e
metodológicas? Escolhemos conceitos pelo o que eles nos inspiram ou para
que sejam nossas âncoras diante da fluidez da vida social?
Essas
são questões que nos norteiam, e certamente serão sempre um ponto de
partida ao nos aventurarmos no campo da compreensão social em seja qual
for a trilha, pois antes de tudo temos a responsabilidade de abordar com
uma “voz empenhada e reconhecível na linguagem e na sociedade uma porção
de questões, todas elas relacionadas, no fim das contas, com uma combinação
de esclarecimento e emancipação ou liberdade”. (SAID, 2005, p. 78).
Dessa
maneira, refletimos sobre as limitações por meio das conceituações
presentes em nossas leituras. Nossos olhares são demarcados pelo solo
onde pisamos, mas não será possível torná-los o mais cambiante possível
para acompanharmos os passos da vida? Said, nas suas Reflexões
sobre o Exílio, fala-nos de que como pesquisadores, enfim como
intelectuais, temos diante de nós o modelo do potentado e do migrante ou
viajante, mas que a nossa liberdade acadêmica só é possível quando nos
permitirmos estar abertos às aventuras humanas.
Nossa
relação de análise diante do que se constrói na realidade sócio-cultural,
perante as classificações e representações nelas existentes, deve ser
antes de tudo crítica, devido ao fato de que toda ordem parece, do ponto
de vista do pensamento, como “necessária e natural”, mas é sempre
“arbitrária em relação às coisas” (FOUCAULT, 2002, p. 74). Ou
melhor, “a história da
ordem das coisas seria a história do Mesmo – daquilo que, para uma
cultura, é ao mesmo tempo disperso e aparentado, a ser, portanto
distinguido por marcas e recolhido em identidades”. (FOUCAULT,
2002, p. XXII).
Nosso
papel não deixa de ser, ainda que nem sempre seja possível,
“transformar o que poderia ser conflito, disputa ou asseveração em
reconciliação, reciprocidade, reconhecimento e interação criativa”,
como aponta Said. Entretanto, quando isto não for possível fazer com que
diferenças se conheçam, que ultrapassem mesmo os valores nos quais
estamos inseridos, fazendo de nossas considerações sempre passos para
sairmos mais de nós mesmos e das visões de mundo do meio que nos gerou.
O lugar de quem pensa as relações sociais não pode ser o da identidade,
e muito menos o das enunciações políticas, mas o da alteridade para
buscar entender diferenças. Lidar com a diferença talvez seja uma
maneira para conceber que também somos olhados, que o que fazemos não é
tão claro e tão inteligível como pensamos.
Ao
pensarmos, e termos essa arte como ofício, já não nos é mais possível
pertencer a um só lugar e nem a uma só realidade, antes as atravessamos
para carregar delas as tintas que tornarão possíveis nossas palavras.
Desse modo:
em
vez de ver a procura do conhecimento acadêmico como uma busca por coerção
e controle sobre os outros, deveríamos considerar o conhecimento algo
pelo qual devemos arriscar a identidade e então pensar na liberdade acadêmica
como um convite a desistir da identidade na esperança de compreender e
talvez até assumir mais de uma.(SAID, 2003, p. 207).
Os
discursos não só refletem realidades, também as produzem. A realidade
exige mais de nós do que o que podemos dar com nossas noções e
conceitos. E não está no nosso campo de compreensão definir ou
prescrever, antes apresentar, trazer para a escrita os embates do vivido.
Como nos indica Deleuze, a “teoria é como uma caixa de ferramentas”,
“não se totaliza; (...) se multiplica e multiplica”, afinal elas são
sempre “locais, regionais, descontínuas”. (FOUCAULT; DELEUZE; 1998,
p. 2;5). Somente um pensamento e uma escrita que encarne a alteridade
atinge nas palavras o deslocamento que ela proporciona.
O
mundo que muitas vezes descrevemos como estando em “crise”, vivendo
uma perda de identidade diante das transformações de um mundo cada vez
mais global, não será um mundo, sobretudo criado, pelas fantasias teóricas
de unidade, racionalismos e continuidades? Não será que muitas das
pretensões de que vivíamos num território sólido e abrigado por relações
sociais estruturadas não foram, sobretudo, invenções teóricas?
Não
poderíamos pensar que no território das definições do que seja
identidade e diferença humanas precisamos concebê-los antes de tudo como
apropriações textuais, de um universo acadêmico, sobre o que oscila de
maneira múltipla e variável na vida social? Nossas leituras não são de
certa maneira constituídas numa escritura de esquecimento de que nossas
tintas não são as únicas, nem definitivas e de que não há solidez na
configuração das palavras? Se vemos tantos “ismos” como invenções
do Ocidente, o Outro como invenção de um pretenso e imutável “Eu”,
não poderíamos pensar se o que nesse momento entendemos como diferença
não é ainda uma invenção da identidade? Será que mesmo quando falamos
do diferente ainda não estamos com os pés numa trilha de busca por
garantias e por uma suposta fixidez identitária?
As fronteiras iniciais entre os seres humanos estão na linguagem, nela é
que a alteridade se constitui. Assim os lugares do “eu” e do
“outro” não são pontos fixos, mas colagens da linguagem que se
encarnam nos corpos, nas palavras e na movimentação de sentidos, como
nas leituras que são feitas sobre as relações sociais. Portanto,
não há como separar experiência da relação social da linguagem.
Perscrutá-la é uma trilha para lidar com as categorias de análise como
“contextuais, contestáveis e contingentes”, (SCOTT, 1999, p. 46) como
as ações sociais também o são.
A
realidade social se dá como uma ficção dentre as múltiplas opções
possíveis. Através delas se constrói genealogicamente narrativas que
garantam na cultura explicações de uma origem e uma fixidez. Mas, não há
como construir identidades que não sejam de antemão fraturadas, pois é
da condição humana uma falta estruturante que a cultura e a sociedade
tentam preencher. Narrativas de pertencimento, de origem, são uma maneira
de permitir solidez para vidas que carregam os traços do efêmero. Cada
cultura constrói seus subterfúgios para escapar da finitude e do descontínuo.
Cada contexto social cria suas classificações entre os seres e as
coisas.
Na
leitura de Durkheim, os laços sociais demarcam os lugares que cada coisa
ocupa e os que os integram. Sendo assim, os limites impostos pelas
classificações nos mapeiam, adornando-nos de identidades e/ou diferenças,
dependendo de nossos lugares sociais. Presenças que se incluem, exclusões
latentes do que não pode ser apreendido, classificado na moldura das
representações. Assim:
As
coisas, antes de mais nada, são sagradas ou profanas, puras ou impuras
amigas ou inimigas, favoráveis ou desfavoráveis; isto é, seus
caracteres fundamentais não fazem mais do que exprimir a maneira pela
qual elas afetam a sensibilidade social. Diferenças e semelhanças mais
afetivas que intelectuais determinam a maneira pela qual elas se agrupam.
É por isso – porque afetam diferentemente os sentimentos dos grupos-,
que as coisas, de certo modo, mudam de natureza, segundo as sociedades.
(...) E é este valor emocional das noções que desempenham papel
preponderante na maneira pela qual as idéias se aproximam ou se separam.
É este valor que serve de caráter dominante na classificação. (DURKHEIM,
1990, p. 201).
Pensar
identidades e diferenças é considerá-las como uma maneira de ler e de
ver as relações sociais, sempre como relativas, brotando como respostas
a contextos e situações específicos, florescendo sobre mitologias e místicas.
Desvelar o que essas concepções carregam e produzem pode ou não
atravessar nossas leituras da vida social. Raça, gênero, diferenças
religiosas, de posições sociais atuam como “metáforas da cultura”,
ao que ela, pelas próprias mãos humanas, define como índice de lei.
Essas, como cartografias da vida social, são construções. No entanto,
como tudo o que pertence à cultura, cristalizam-se em representações
que as delineiam, muitas vezes, como naturais, divinas e inquestionáveis.
A
cultura opera a partir da legitimação de crenças e na propagação de
segmentações, na legitimação de valores e nas repetições ritualísticas
do que lhe define sentido. Contudo, para pensá-la não temos como
pertencer ao domínio de seu discurso, antes suspendê-lo, indagá-lo,
ainda que seja um grande esforço para nós, ao lidarmos como o
conhecimento humano e social, por estarmos inseridos no próprio meio que
tentamos analisar. Nossas
indagações de alguma maneira precisam seguir os rastros do que nos
instiga Michel Foucault: “A
partir de qual a priori histórico foi possível definir o grande tabuleiro das
identidades distintas que se estabelece sobre o fundo confuso, indefinido,
sem fisionomia e como que indiferente, das diferenças?”
(FOUCAULT, 2002, p. XXI).
Uma
busca por unidade, coesão e continuidade, algo que a própria vida não
tem, só pode aparecer como uma ficção humana para construir garantias e
perenidades. A confiança naturalizada nas construções sociais, esse é
um dos elementos que dá legitimidade à cultura, mas talvez estejamos
vivendo num tempo em que as mudanças têm atingindo as formas e os
lugares sociais. Desse modo, o pertencimento a quaisquer valores, estar
atado a pretensos laços de segurança na vida social, já nada garantem,
são apenas projeções humanas tão frágeis como sua própria existência.
Dessa maneira:
Tornamo-nos
conscientes de que o ‘pertencimento’ e a ‘identidade’ não têm a
solidez de uma rocha, não são garantidos para toda a vida, são bastante
negociáveis e revogáveis, e de que as decisões que o próprio indivíduo
toma, os caminhos que percorre, a maneira como age – e a determinação
de se manter firme a tudo isso – são fatores cruciais tanto para o
‘pertencimento’ quanto para a ‘identidade’. (BAUMAN, 2005, p.17).
Nas
palavras de Edward Said, “ao longo história, cada sociedade teve o seu
Outro: os bárbaros para os gregos, os persas para os árabes, os mulçumanos
para os hindus, e assim por diante”. (SAID, 2003, p.199.) Simone de
Beauvoir continua: “Para os habitantes de uma aldeia, todas as pessoas
que não pertencem ao mesmo lugarejo são “os outros” e suspeitos;
para os habitantes de um país, os habitantes de outro país são
considerados “estrangeiros”. Os judeus são os “outros” para os
anti-semita, os negros para os racistas norte-americanos, os indígenas
para os colonos, os proletários para as classes dos proprietários”.
(BEAUVOIR, 1980, p. 11). Dessa forma, poderíamos pensar nas diversas
estratificações sociais de classe, etnia, idade, gênero como relações
de poder, móveis e desiguais na configuração desse outro.
A
necessidade de um “outro” para garantir a construção de um “eu”
individual ou coletivo, definido e coerente, demonstra-nos que precisamos
estar atentos em como a identidades se configuram na marcação de diferenças,
em “locais históricos e institucionais específicos, no interior de
formações e práticas discursivas específicas, que por estratégias e
iniciativas específicas”, por surgirem de maneiras múltiplas só podem
ser entendidas no plural. Como observa ainda Stuart Hall, a face do termo
identidade revela uma forma construída de fechamento. Sendo assim, “tem
necessidade daquilo que lhe falta - mesmo que esse outro que lhe falta
seja um outro silenciado e inarticulado”. (HALL, 2003, p. 109-110).
O
problema para nós é saber como relacionar identidades e realidades de
outras culturas, sociedades e histórias. Como lembra Said, para que
nossas leituras não atribuam hierarquias, preferências pelo o que já é
nosso, nem caiam nos discursos de uma igualdade e harmonia entre todos
universalizantes, mas “fazer com que essas noções se relacionem com
situações concretas, em que existe uma enorme distância entre o
discurso de igualdade e justiça e a realidade bem menos edificante”.
(SAID, 2005, p. 97).
A
realidade social para se tornar possível, constrói genealogias, inventa
tradições e adestra corpos e mentes por seus elementos discursivos, como
identificou Foucault em suas abordagens. Deleuze, atento às ambigüidades
do vivido, instiga-nos a pensar uma antigenealogia, buscando nos fatos
suas memórias curtas, ou sua “antimemória”, quem sabe mesmo do que
foi forçadamente esquecido, colocado de fora.
Isso
nos permite pensar as “desterritorializações” cotidianas de ações
e sentidos, dos passos subterrâneos que só nos são possíveis entender
fora das dicotomias e dentro de multiplicidades, entre linhas que
estratificam e linhas de fuga, ou
seja, os passos da socialidade que nos lembram que a sociedade é mais um
artefato do que uma entidade, e nos quais “as máscaras nada
recobrem salvo outras máscaras”. (DELEUZE, 1998, p.45-46).
Diversos
têm sido os termos para expressar as transformações dos laços sociais:
modernidade, pós-modernidade, modernidade tardia, líquida, etc. expressões
que visam compreender as mutações da vida social, tentativas para
“mapear os territórios da existência”. (SAID, 2003, p.48). O fato é
que uma realidade pautada no “indivíduo, identidade, organizações
contratuais, atitude projetiva, dão lugar a uma outra realidade muito
mais confusa, sensível, emocional, de contornos pouco definidos e de
ambiente evanescente”. (MAFFESOLI, 1996, p. 348).
A
idéia de identidade não deixa de ser uma ficção, sobretudo impregnada
pela concepção de “identidade nacional” ou pela definição e
sustentação da legitimidade da mesma.
Assim, esta não deixa de ter surgido num contexto de “crise de
pertencimento”, estando, sobretudo presente no nascimento do Estado
Moderno, que defini, classifica, segrega, seleciona tradições e modos de
vida, coloniza imaginários, escreve a história, como forma do
“Mesmo”, como esforço: “de transpor a brecha entre o ‘deve’ e o
‘é’ e erguer a realidade ao nível dos padrões estabelecidos pela idéia
– recriar a realidade à semelhança da idéia”. (BAUMAN, 2005, p.
26). Uma idéia surgida para traçar uma história que se perpetue no
imaginário, - numa época de intensos encontros de imaginários -
contando, sobretudo com intelectuais para transmutar um ideário em fato,
mitos em história. Tenta:
Esquadrinhar
o passado, peneirá-lo, resolvê-lo, buscar em suas cinzas ainda
fumegantes, entre as mazelas da servidão e da desunião, os desvãos
camuflados, as pequenas reentrâncias, os minúsculos acontecimentos em
que se inserem os primeiros gestos tímidos de identidade. (ODÁLIA, 1997,
p. 42; 33; 34).
O
que temos diante das relações humanas são tentativas de criar mundos de
similitudes para abrigar-lhes das incertezas e do desconhecido. Pensar
diferenças é acompanhar rasuras de pretensos quadros fixos, é abrir-se
para o caráter contingente e conflitual das formas culturais e sociais.
Contestar enquadramentos e representações. Assim, pensar em identidade e
diferença é antes de tudo pensar na maneira como se lida com o que é
estranho e com o que é familiar, como os seres humanos criam identidades
ou não e como se relacionam e dialogam (ou não) com a diferença.
Lidar
com o estranho não é tentar fundi-lo, nem sintetizá-lo, mas tentar
traduzi-lo ainda que seja com os limites das palavras que o lugar onde
estamos nos dá. Reconhecer os limites do nosso olhar para tentar imaginar
outros modos de vida, outros modos de se apropriar da linguagem para
construir mundos, gramáticas da existência. O estranho não é algo tão
separado do familiar e nem é o novo, mas talvez vestígios do que ficou
recalcado, reprimido para dar consistência a uma ordem. Não deixa de ser
a face do assustador que remete ao território do que já é conhecido e
familiar.
Entretanto,
os elementos excluídos para a composição unilateral de uma identidade
tende a se impor novamente, provocando o que Freud chamou de mal-estar da civilização ou retorno do recalcado. O que traria
para o cenário da cultura e da sociedade tudo o que ficou de fora num
projeto civilizatório, mas que nem foi totalmente esquecido e nem apagado
do imaginário. Em suma: “A identidade não pode ser pensada nem
trabalhada em si mesma; ela não pode se constituir nem sequer se imaginar
sem aquela quebra ou falha original radical que não será reprimida”
(SAID, 2004, p. 82).
Reconhecendo
os limites asfixiantes da identidade, muitas vezes até consoladores pelas
raízes que oferecem, só podemos lembrar do que Jacqueline Rose retoma
ainda das palavras de Freud no trato com os seus pacientes, e que podem
ser aplicados tanto ao nível individual quanto ao coletivo: “Aprendam a
viver sem ficções consoladoras, pois é na morte destas fantasias
anestesiantes e perigosas que se encontra sua única esperança”. (ROSE.
In: SAID, 2004, p. 96).
Apropriando-nos
disso, podemos pensar que a vida social seleciona valores, classifica e
divide para que através de representações uma determinada realidade
ganhe legitimidade, mas, para isso, algo fica de fora, esta mesma
realidade precisa criar mecanismos para se proteger do que venha a
contrariá-la ou negá-la. As representações não deixam de ser uma
maneira de constituir garantias, ficcionalizar continuidades. As quimeras
das similitudes não deixam de ser configurações para ocultar que “todo
limite não é mais talvez que um corte arbitrário num conjunto
indefinidamente móvel”. (FOUCAULT, 2002, p.68-69). Ou mesmo, maneiras pelas quais os seres humanos tentam compor seu
universo, ainda que seja “carregando nas
costas uma enorme Quimera”, como lembra o poeta Baudelaire (1996,
p. 41).
A
cena cultural contemporânea é a de um entrecruzamento de imagens,
estilhaços de certezas e transfigurações de identidades. Reconfigurações
de espaços, durabilidades questionadas, instantes vividos sem muitas ilusões
consoladoras. Fios tênues da existência em novas formas da vida social,
mais nômades do que sedentárias, uma busca pelo outro seja por
identificação ou aversão.
Discordamos
da análise de Zygmunt Bauman de que as pessoas ligadas ao celular se
esquecem da vida ou mesmo estão cegas ao que está ao seu redor. Pelo
contrário, outros ambientes – seja pelo uso do telefone celular, das
diversas comunidades na internet e mesmo dos “não-lugares”
(aeroportos, shopping-centers, etc) – são por elas criados seja para
interagir identidades como para confrontar diferenças. Por outro lado, é
pertinente sua leitura de que:
Quando
a identidade perde as âncoras sociais
que a faziam parecer “natural”, predeterminada e inegociável, a
“identificação” se torna cada vez mais importante para os indivíduos
que buscam desesperadamente um “nós” a que possam pedir acesso.
(BAUMAN, 2005, p. 30).
Diferenças
são efeitos da imbricação de várias categorias de identidade social
como raça, classe, etnicidade, gênero, nação, lógicas de parentesco,
entre outras e que não podem estar agrupadas sob a égide de um único
domínio. Como a identidade jamais pode ser pensada a partir de um único
ponto, nem como um lugar de garantias, mas como sugere Kofes:
“considerada mais como um objeto do que como um conceito” (KOFES,
2004, p. 289), ou mesmo como algo que se revela sempre como invenção e não
descoberta, como entende Zygmunt Bauman. Não defini-la a
priori, mas antes ver se a encontramos.
Em
vez de buscar identidade, procurar antes enunciações de diferença. Mas,
não pensar isso como dado, antes como esforços imaginativos de compreensão
de relações. Ambas ocupam posições múltiplas e variáveis na vida
social, o que desestabiliza pensar essas noções como coerentes, unitárias
e fixas, mas antes num jogo intricado onde há movimento e circularidade.
Reconhecer “lacunas e assimetrias” , conhecer uns aos outros e viver
com esse conhecimento é o que induz “imaginar a diferença (o que não
significa, é claro, inventá-la, mas torná-la evidente)”. (GEERTZ,
1996, p. 82).
Identidades
e diferenças são lógicas produzidas pela linguagem e encarnadas nos
corpos na construção e desconstrução de representações sociais.
Sendo assim são encarnadas de muitas maneiras e com diversos fins. Diante
disso, o que precisamos é estar abertos para esses deslocamentos, buscar
em nossos passos e olhares o mapeamento do que confere sentidos para a
existência humana. Enfim, podemos seguir lendo a vida, tentando ver “a
academia sempre como um lugar para viajar, sem dela nada possuir, mas
sentindo-nos sempre em casa em qualquer lugar”. (SAID, 2003,
p.207). Sondando classificações e mesmo apelos plurais em nome de
identidade ou mesmo de diferença, poderemos talvez perceber que nem todo
pluralismo quer dizer que falemos em pluralidade, ou seja, nem sempre
estaremos dando conta de perspectivas relacionais, antes de enquadramentos
e exclusões. Poderíamos pensar que nem sempre precisamos perguntar
“quem precisa de identidade?”, (HALL, 2000), ou mesmo quando não se
precisa dela? E também, quando se precisa da diferença?
O
prisma da diferença pode ser utilizado como justificativa ideológica
para práticas institucionais discriminatórias, como também para provar
ou ratificar divisões entre sexos, entre posições sociais ou condições
valorativas. Por exemplo, cotas para negros, índios, pobres, mulheres, até
que ponto garantimos direitos ou nutrimos separações e legitimamos
desigualdades? Em nome de inclusão de diferenças não estaríamos
ignorando mestiçagens, divisões internas dentre essas próprias
categorias? Said ainda esclarece que não há como pensar em
homegeneidades, pois além desse Outro, existem também muitos outros
internos na vida social, o que a tornam híbrida. “Nenhuma identidade é
estanque: cada uma influencia as demais.” (SAID, 2003, p.201) e sejam
quais forem as posições, considerando os conflitos que constituem a vida
social, não há posições inocentes, nem lugar para subjugados e
algozes, mas ações que se projetam, entre dominações e resistências,
relações de poder e anomias.
Apropriando-nos
da análise de Cláudia Costa sobre uma perspectiva relacional, talvez perceber essas questões sobre identidade e
diferença em seus contextos de interação social, com suas marcas de
escolhas individuais e mesmos em suas pressões situacionais, no intuito
de perceber como se constroem e se constituem, para apreendê-las não
como “sistemas monolíticos, mas como configurações complexas, múltiplas
e heterogêneas”. (COSTA, 1994, p. 161). Sendo assim:
O
trabalho da etnografia, ou pelo menos um deles, é realmente proporcionar,
como a arte e a história, narrativas e enredos para redirecionar nossa
atenção, mas não do tipo que nos torne aceitáveis a nós mesmos,
representando os outros como reunidos em mundos a que não queremos nem
podemos chegar, mas narrativas e enredos que nos tornem visíveis para nós
mesmos, representando-nos e a todos os outros como jogados no meio de um
mundo repleto de estranhezas irremovíveis, que não temos como evitar. (GEERTZ,
1996, p. 82).
A
maneira como lemos pode levar-nos a perceber que o que escrevemos traduz
menos significados precisos do que maneiras de “agrimensar, cartografar,
mesmo que sejam regiões ainda por vir.” (DELEUZE;
GUATARRI, 1995, p. 13). Um mapeamento de frases lidas, palavras
escutadas, experiências apreendidas, que mesmo árduas, não deixam de
ser uma felicidade clandestina.
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