Indivíduo,
Sociedade e Genialidade:
Norbert
Elias e o caso Mozart
“A
história é sempre história de uma sociedade,
mas,
sem a menor dúvida,
de
uma sociedade de indivíduos”.
Resumo:
Norbert Elias,
sociólogo alemão, aborda a relação indivíduo/sociedade de
modo a esquivar-se de uma paralisante dicotomia entre os termos,
seus esforços vão no sentido de estabelecer uma tensa e dinâmica
interação entre eles. Ao examinar tal relação, questiona o
papel do indivíduo e suas possibilidades de influir na mudança
social; o caso do gênio – situação-limite da provável influência
do indivíduo – é ilustrado por Mozart e sua situação social
e estética no séc. XVIII.
Palavras-chave:
Norbert Elias,
Mozart, indivíduo, sociedade, gênio.
Individual,
society and geniality (Norbert Elias and the case Mozart)
Abstract:
Norbert
Elias, German sociologist, approaches the relation individual/society
in a certain way he escapes the paralyzing dichotomy between the
terms, his efforts try to establish a tense and dynamic
interaction between them. When he examines this relation, he
questions the role of individual and possibilities of influencing
social changing; the case of genius – limit situation to a
probable influence of individual – it is illustrated by Mozart
and the social and aesthetic situation in the XVII century.
Keywords:
Norbert
Elias, Mozart, individual, society, genius.
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A
questão da relação entre indivíduo e sociedade foi sempre algo muito
presente e controverso na sociologia, um grande número de autores
enfrentou o problema e, não fosse o exagero da assertiva, diríamos que há
tantas soluções quanto são os autores que se depararam com o desafio.
Norbert Elias, sem medo de repisar um terreno já tão freqüentado,
voltou ao tema atacando a questão de forma inovadora, sem recorrer às
soluções já aventadas, nem aos chavões que pretensamente desfaziam as
dificuldades. Além disso, ignorou solenemente o tabu que ditava o severo
distanciamento entre sociologia e psicologia, recompondo o objeto conforme
uma configuração própria e não ao sabor dos ditames das disciplinas e
seus ‘foros de competência’.
A
construção teórica de Elias sobre a questão indivíduo/sociedade
explora as relações dinâmicas entre os termos – e suas caracterizações
– em distintas sociedades e tempos históricos. Ademais, propõe também
uma dificuldade superior, objeto de outro trabalho, mas que está
profundamente imbricado com a análise referida: Após lidar com a
espinhosa questão da relação indivíduo/sociedade, e estabelecer as
configurações e modos de articulação possíveis entre os termos, como
lidar com a incômoda figura do indivíduo que – possuidor de características
especiais, talento e peculiaridade – ameaça transpor as barreiras que
limitam a ação do homem singular numa sociedade? A saber, como lidar com
a perturbadora figura do gênio que, em sua condição individual,
extrapola os limites do homem comum e avança vorazmente sobre as rédeas
da história, tentando influenciá-la decisivamente?
Ao
abordar o caso Mozart, Norbert Elias leva o problema às últimas conseqüências
e, estudando um indivíduo, espreita os limites e as formas de relação
possíveis entre um homem e a sociedade à qual pertence, entre a sua condição
e as suas possibilidades, entre a sua vontade e os parâmetros
sociais.
Norbert
Elias: indivíduo e sociedade
As
considerações de Norbert Elias sobre essa controversa questão
possibilitam criticar as formas como geralmente é equacionada e aponta
para a influência negativa que as ciências naturais (ainda) exercem
sobre as ciências sociais: freqüentemente, o problema é colocado como o
cotejar entre substâncias distintas – Indivíduo vs. Sociedade
–, essências puras e indissociáveis, entes em oposição. Desse modo,
afirma-se equivocadamente o primado de um ou de outro, tomando-se, por um
lado, a sociedade como uma generalidade intransponível e impossível de
ser decomposta e, por outro lado, o indivíduo como algo atomizado, não
suscetível de ser universalmente considerado. Daí a tensão estéril
entre os termos, o duelo ad nauseum entre substâncias irredutíveis
e não intercambiáveis.
Em
vez de tomar tais termos como substâncias isoladas, Elias considera as
suas relações e funções, o que implica tomar os termos de modo
relacional e dinâmico, fundindo-se e refundindo-se, integrando-se e
distinguindo-se, em contínua interação. Tal forma de abordagem,
obviamente, supõe desfazer o nó que impede o fluxo do pensamento do âmbito
da sociologia para o da psicologia e vice-versa. O próprio título do
principal trabalho do autor sobre o tema já dá suficiente noção de sua
caracterização do problema: em “A sociedade dos indivíduos”
(1994), Elias deixa claro que a sociedade é formada por indivíduos e
estes são constituintes da sociedade – ambos inexoravelmente
imbricados, não sendo possível considerar os termos separadamente.
Afirma ele que não há sociedade sem indivíduos e, analogamente, não há
indivíduos sem sociedade. Portanto, seria um “absurdo” tomar os
termos de outro modo que não aquele da cumplicidade.
Os
indivíduos, conforme seus habitus, são integrantes/constituintes
da sociedade, modelando-a e modelando-se ao relacionarem-se uns com os
outros, pois esse ‘atrito’, essa relação tensa, dinâmica e mútua
entre os indivíduos configura o que chama de fenômeno reticular.
Tal processo de individuação não é o mesmo em qualquer
sociedade e em qualquer tempo histórico, pois cada sociedade e cada
momento histórico têm modos e ritmos próprios que, por sua vez,
determinam formas também particulares de configuração e de inter-relação
entre indivíduo e sociedade. Não há, assim, uma fórmula, uma maneira
genérica de tratar a questão, não há conceitos férreos que possam
nortear uma ‘teoria geral’ da relação indivíduo/sociedade.
Na
sociedade humana, as trajetórias sociais são como planos emergindo em
que há sensos de propósito que se entrecruzam, mas sem finalidade
(ELIAS, 1994: 59). Portanto, os empreendimentos simples, volitivos e
individuais não ocorrem num vazio de determinações sociais, nem são
meras funções de alguma espécie de necessidade histórica coletiva
e extrínseca. Nesse sentido, ocorre que a sociedade produz o
indivíduo e que o indivíduo molda-se em contínua ação com outros
indivíduos, o que, assim sendo, influencia – em última instância –
a própria forma dinâmica da sociedade. Enfim, a relação identidade-eu/identidade-nós
não comporta uma oposição excludente, dá-se em termos de mudanças
na balança nós-eu, estabelecendo um equilíbrio tenso,
diferenciado conforme a disposição dos termos em cada sociedade, em cada
período histórico.
Mozart:
(o)caso de um gênio
Na
teia social de sua época, os Mozart (pai e filho) eram tão somente
servidores de nobres cortesãos, faziam parte do universo dos muitos domésticos
que buscavam a proteção (ou reconhecimento) de uma casa nobre. No
entanto, o indivíduo Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) não se integrou
perfeitamente às expectativas de prática social de sua época, buscando
uma margem de autonomia artística que, como notara Elias, somente se
realizou historicamente na maturidade de Beethoven (1770-1827). Portanto,
o reconhecimento artístico de Mozart como gênio foi tardio. Porém, para
se evitar anacronismos, deve-se perguntar: Como se colocava a questão do
gênio na época de Mozart?
Na
concepção iluminista, a questão do gênio – e, conseqüentemente, a
do talento – era posta em termos de um dom natural, um legado ocasional
da natureza. Até início do século XIX, não havia ainda a idéia do gênio
como indivíduo, isto é, não havia a referência ao indivíduo como “gênio”,
ao indivíduo como o possuidor de um dom especial. Na verdade, era quase
como se o dom possuísse o indivíduo, a saber, havia um “gênio” que
caprichosamente tomava o indivíduo, que se encarnava nele,
instrumentalizava-o a serviço da natureza, da razão, da arte e – é
bom lembrar – de um patrono. Nesse sentido, no limite, o que havia eram
indivíduos de “gênio”, indivíduos que serviam ao “gênio”. Nas
palavras de Kant (1724-1804), contemporâneo de Mozart:
“Gênio
é o talento (dom natural) que dá à arte a regra. Já o talento, como
faculdade produtiva inata do artista, pertence, ele mesmo, à natureza.
Poderíamos também exprimir-nos assim: gênio é a disposição
natural inata (ingenium), pela qual a natureza dá à arte a regra.
[...] Gênio é a originalidade de modelar do dom natural de um sujeito no
uso livre de suas faculdades de conhecimento [...]. O gênio é um
favorito da natureza, tal que só se pode considerá-lo como um fenômeno
raro; o seu exemplo, para outras boas cabeças, produz uma escola, isto é,
uma instrução metódica segundo regras, na medida em que se tenha podido
extraí-las daqueles produtos do espírito e de sua peculiaridade; e, para
estas, a bela-arte é, nessa medida, imitação, à qual a natureza, através
do gênio, deu a regra.” (KANT, 1974: 340-349, itálicos do autor).
No
entanto, como lembra Elias, as regras da arte seguiam o gosto
cortesão. Era inscrevendo-se nesse padrão de gosto e realizando-o com
maestria que Mozart construía a sua variação de arte, cuja finalidade
social modelar era servir como entretenimento para nobres cortesãos.
Portanto, se para alguns contemporâneos de Mozart, como Kant, o gênio
era como um legado que materializava o ‘espírito’ do ingenium
natural e, de certo modo, fazia progredir a arte por meio de sua ação, não
se deve ignorar que tal gênio, uma vez encarnado, adquiria
funcionalidade, realizava um padrão de gosto inscrito numa relação
social de poder.
A
concepção posterior de gênio como indivíduo extraordinário – i.e.,
a noção de sujeito de raro talento, com consciência singular do
processo artístico – é uma idéia romântica. Somente no romantismo o
gênio tornou-se o indivíduo espetacular que, no livre e deliberado exercício
de seu talento pessoal, rompe com os limites do seu tempo, quebra os padrões
e extrapola a ordem, fazendo avançar as formas de expressão e criando
novas condições a partir das quais os outros recomeçam, abrindo caminho
para que outro indivíduo genial rompa com o estabelecido. Assim, quando
chegamos à geração de Hegel (1770-1831), já podemos observar este
deslocamento de sentido:
“Gênio
é aquele que tem o poder geral da criação artística bem como a
energia necessária para exercer tal poder com o máximo de eficácia. Tal
poder e tal energia são, porém, essencialmente subjetivos, pois a produção
espiritual só pode existir num sujeito consciente do que quer, dos fins
que se propõe, da obra que pretende realizar”.(HEGEL, 1985: 303, itálicos
do autor).
O
gênio – da forma, tal como é definido por Hegel – tem seu exemplar,
mormente, em Beethoven, o artista romântico por excelência, aquele que
– ao contrário de Mozart – encontrará um terreno fértil para
contrariar o status quo, já que presenciará a decadência do
Antigo Regime e a ascensão de um novo ambiente cultural, não mais regido
pela rigidez do gosto da corte, mas sim direcionado a um público anônimo.
Mozart, segundo Elias (1995: 45-52), viveu justamente a tensa transição
da arte de artesão para a arte de artista. Embora eu
considere que esta distinção feita por ele seja pertinente, já que se
refere a configurações sociais historicamente distintas, penso que Elias
subestima consideravelmente o poder do público e do mercado de ditar os
padrões de gostos para a arte de artista. Otto Maria Carpeaux
trata dessa transição da arte de artesão para a arte de
artista de forma bastante semelhante a Elias, quando afirma que:
“A
igreja, a corte monárquica e o palácio do aristocrata perdem a função
de mecenas que encomenda obras ao artista. No século XIX, o compositor
enfrenta o público, isto é, uma massa de desconhecidos, pessoas que não
encomendaram nada: esperam, apenas, algo de novo. Ao anonimato dos
ouvintes corresponde o subjetivismo romântico do compositor. Esse novo público
é, evidentemente, a burguesia”.(CARPEAUX, 1995: 154).
Segundo
Elias, mesmo vivendo uma situação condicionada pela arte de artesão,
Mozart pretendeu se estabelecer como artista autônomo depois que
fracassou em ser aceito na corte de Viena. Assim, deixou-se guiar por uma
ânsia de expressão original e criadora, fustigando os limites do padrão
de gosto da arte cortesã justamente porque sabia realizá-lo de forma
sublime – mérito da educação disciplinada, neste padrão, em que seu
pai tanto se esmerara a dar-lhe. Deste modo, a sua genialidade, como
“fato social”, termina por encerrar o seu “destino social”, já
que lhe confere uma condição de “desvio da norma”, a despeito de sua
subordinação social aos ditames da corte. Mozart insurgiu-se contra esse
estado de coisas e vislumbrava a possibilidade de expandir os estreitos
padrões da arte a partir de suas próprias exigências estéticas
pessoais.
Todavia,
a sociedade de sua época vedava a Mozart o exercício da condição de
artista autônomo: ele – um “burguês outsider na sociedade da
corte”, segundo Elias – esbarrava nas estreitas condições de produção
da arte (e imperativos do gosto)
por possuir uma convicção da independência do artista no processo de
criação. Assim, rebelava-se contra o estado de coisas e angariava
problemas em demasia para a sua vida doméstica. Considerando isso,
caberia perguntar: Se as condições sociais cerceavam o horizonte de atuação
transformadora de Mozart enquanto indivíduo e gênio, poderia ele
expandir os estreitos limites de sua atuação e mudar significativamente
suas possibilidades de realização dentro de uma estrutura de relações
sociais? De modo simplificado, poderia ele mudar o seu destino social e,
em última instância, os aspectos da sociedade em que vivia?
A
possibilidade (ou não) de mudança social e mesmo do ‘curso’ da história
por indivíduos já foi aventada e intensamente discutida. O filósofo
escocês Thomas Carlyle (1795-1881), autor de “Os Heróis”,
chegou mesmo a esboçar uma filosofia da história na qual os heróis –
indivíduos raros e superiormente dotados – fariam eles próprios, com
suas proezas, avançar a história. Na sociologia, se Marx (1986) deixou
pouquíssimo espaço para a atuação do indivíduo na história – e
talvez a sua própria existência, determinante para alguns
acontecimentos, contrarie-o na sua teoria – e privilegiou as classes
sociais como sujeitos, Durkheim (1978), de outra forma, praticamente vetou
a ação socialmente significativa dos indivíduos, vendo nestes uma mera
função de uma sociedade (“ente externo”) generalizadora.
Max
Weber (1982), adepto de certo individualismo metodológico, reconheceu a
possibilidade de o indivíduo influenciar decisivamente os rumos sociais
– ainda sim, tais afirmações não constam de sua teoria da ação e
sim das formas de dominação. Em sua teoria, somente na análise da
dominação carismática surge um indivíduo que, particularmente
encarnando determinados atributos socialmente reconhecidos, isto é,
dotado de carisma, poderia – em circunstâncias peculiares –
modificar a forma de ordenação de uma sociedade, subvertendo a ordem e,
modernamente, a avassaladora rotinização do domínio da racionalização.
E
na visão de Norbert Elias? Como era colocada a questão do indivíduo
extraordinário, o seu horizonte de atuação e os seus limites
institucionais e históricos? Para ele:
“Nenhuma
pessoa isolada, por maior que seja a sua estatura, poderosa sua vontade,
penetrante sua inteligência, consegue transgredir as leis autônomas da
rede humana da qual provêm seus atos e para a qual eles são dirigidos.
Nenhuma personalidade, por forte que seja, pode [...] deter mais do que
temporariamente as tendências centrífugas [...]. Ela não pode
transformar sua sociedade de um só golpe”.(ELIAS, 1994: 48).
Ainda
que...
“[...]
a margem de decisão individual emirja dentro da rede social, não existe
uma fórmula geral indicando a grandeza exata dessa margem individual em
todas as fases da história e em todos os tipos de sociedade. Justamente o
que caracteriza o lugar do indivíduo em sua sociedade é que a natureza e
a extensão da margem de decisão que lhe é acessível dependem da
estrutura e da constelação histórica da sociedade em que ele vive e
age. De nenhum tipo de sociedade essa margem estará completamente
ausente”.(ELIAS, 1994: 49).
Entretanto,
“[...]
a forma e a extensão da margem individual de decisão podem variar
consideravelmente, conforme a adequação e a estatura pessoais do
ocupante da função. Aqui, a margem de decisão é não apenas maior,
como também mais elástica; nunca, porém, é ilimitada”.(ELIAS, 1994:
50).
Assim,
nem a sociedade nem os indivíduos determinam unilateralmente a história,
não há uma regra geral ou modelo interpretativo único que fixe
cabalmente o papel e as possibilidades de mudança por parte dos sujeitos
sociais. Mesmo o indivíduo, em sua singularidade, pode – em certa
margem – promover mudanças sociais, mesmo “o caráter individual e a
decisão pessoal podem exercer considerável influência nos
acontecimentos históricos” (ELIAS, 1994: 51). Voltemos, então, ao caso
Mozart: Por que o jovem gênio, com todo o seu virtuosismo, não pôde
exercer sua arte da forma almejada, como o faria mais tarde Beethoven com
imensa autonomia?
Uma
passagem da biografia de Beethoven – relatada por J. e B. Massin (apud
HENRY, 2001: 148, in GARRIGOU e LACROIX, 2001) – ilustra com
precisão a nova conduta do gênio romântico como artista independente,
esteticamente ‘livre’, que já não reverenciava o patronato cultural
e a rígida hierarquia social. Ao ser interpelado pelo Príncipe Lichnóvski
a respeito de sua arte, Beethoven respondeu: “Príncipe, o que sois
viestes a ser pelo acaso do nascimento. O que sou, sou por mim mesmo. Príncipes
existem e ainda existirão aos milhares, Beethoven, só existe um”. Ele
já tinha arraigada a consciência de sua singular condição, via-se,
como é visto até hoje, como ícone da música; por outro lado, quem se
lembra ou mesmo conhece hoje o Príncipe Lichnóvski?
No
entanto, no ocaso Mozart, fora vedada socialmente a alternativa de
subverter o establisment social-estético devido à inexistência
de um mercado e público anônimo de consumidores, o que concederia ao
artista, segundo Elias, a possibilidade de se expressar esteticamente de
modo mais ‘livre’, sem constrangimentos imediatos à sua obra:
“O
fato de Mozart depender materialmente da aristocracia da corte, quando ele
já tinha se constituído como artista autônomo que primariamente buscava
seguir o fluxo de sua própria imaginação e os ditames de sua própria
consciência artística, foi a principal razão de sua tragédia.”
(ELIAS, 1994: 136).
Tem-se
então que, tragicamente, Mozart fracassou na vida e realizou-se na história.
Derrotado em vida pelas condições limítrofes da sociedade em que viveu,
acabou triunfando postumamente em sua luta pela autonomia da arte. Seria
isso uma vitória momentânea da sociedade ou – na derrota – uma vitória
histórica do indivíduo? Tal questão Norbert Elias não se colocou.
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A
caracterização do gosto e do estilo como manifestações estética e
socialmente estruturadas a partir de condições de classe são
preocupações de Bourdieu (1983; 2001). Já uma visão histórica do
desenvolvimento da música como expressão social e estética está em
Schurmann (1989).