Por RODOLFO FIORUCCI

Graduando em História pela Universidade Estadual Paulista (UNESP).

 

___________

 

versão para impressão [arquivo PDF]

 

 

O Conto Hispano-americano: relação entre história e literatura em El Matadero

 

Rodolfo Fiorucci

 

Resumo

O presente artigo pretende mostrar a importância das obras de arte em seu contexto histórico, mais especificamente a literatura, utilizando como amostra o considerado primeiro conto da América espanhola, El Matadero, escrito por Esteban Echeverría no período da ditadura de Juan Manuel Rosas; também apontando a literatura  como importante instrumento de luta em posse das classes sociais.

Palavras-chaves: literatura, história, Rosas, Argentina.

The hispano-american story: relationship between history and literature in El Matadero.

Abstract

The present article intends to show the importance of the works of arts in its historical context, more specifically the literature, using as considered sample the first story of Spanish America, El Matadero, written by Esteban Echeverría in the period of the ditactorship of Juan Manuel Rosas; also showing that art type as important fight instrument in ownership of the social classes.

Key words: literature, history, Rosas, Argentina

 

Esteban Echeverría (1805-1851)A vida imita a arte ou a arte imita a vida? Essa clássica questão já dividiu várias opiniões e, certamente, continuará dividindo. Porém o que nos parece correto é que ambas se inter-relacionam, levando-nos a uma resposta dicotômica, ou seja, tanto a arte influencia a vida como o inverso.

De certa forma, tal problemática manifesta-se no primeiro[1] conto escrito na América, El Matadero, publicado postumamente em 1871 por Juan Maria Gutiérrez na revista Del Rio de la Plata de Buenos Aires, cujo autor era o argentino Esteban Echeverría. Apesar da obscuridade da data de sua composição, supõe-se que foi escrito em Montevidéu, Uruguai, cerca de uma década antes do “Facundo”, de Sarmiento[2]. No entanto esta dificuldade em relação à data é observada logo no início do conto onde o autor escreve “Diré solamente que los sucesos de mi narración, pasaban por los años de Cristo de 183...” (1972, p. 294). Contudo, é possível rastrearmos o momento de sua produção, conforme nos asseveram as palavras de Menton “... la mayoría de los críticos están de acuerdo sobre su fecha de composición: 1838”.(1991, p.13). Desse modo, devido a sua tardia publicação, seu valor histórico-literário foi melhor apreciado, graças, sem dúvida, à distância do contexto histórico que, inevitavelmente, limitava o olhar dos leitores em potencial.

La cautiva – El matadero. Buenos Aires, Grupo Editorial Norma, 2003. Colección GOLU (Grandes Obras de la Literatura Universal).No conto, podemos observar a inter-relação existente entre literatura e história através da configuração histórica da pós-independência do Novo Mundo, cujos países recém libertos buscavam se firmar como nações autônomas e consistentes. Assim sendo, surge nesse ínterim um novo movimento literário que a partir da década de 1830 começa a tomar força na Hispano-América, o romantismo, imitação da corrente européia, que visava já não apenas à independência hispano-americana em relação aos espanhóis, mas principalmente, uma autonomia dos Estados e fronteiras nacionais, assim como a instauração de uma identidade cultural, ou seja, “... una literatura ya no hispanoamericana, sino nacional.” (Op.cit., p.7), de onde nasce o conto El Matadero. Assim sendo, tal obra acaba por caracterizar a literatura regionalista que começou a se desenvolver na América de língua espanhola, embora com os olhos voltados para a ilustração européia, como observa Bella Josef: “... sua estética era nacionalista, mas tinha atitude aberta diante do mundo e a inquietação pelo futuro do país integrava-se ao interesse pelo forâneo” (1971, p.65).

Diante das considerações expostas, o presente trabalho objetiva aproximar o conto de Echeverría à configuração histórica da Argentina a partir da década de 1830, mais precisamente ao contexto da ditadura de Juan Manuel Rosas e, assim, observar como a história concorreu para a formação de uma linha literária diferente da vigente, com um conteúdo social e político mais ativo e, a partir daí, como essa nova literatura provocou mudanças na história da época em questão.

No entanto, julgamos importante apresentar uma breve biografia de Echeverría, para que assim possamos relacioná-lo aos acontecimentos contemporâneos a Rosas, já que Echeverría foi o guia e mestre da Nueva Generación, cargo outorgado pelos próprios integrantes desse grupo de intelectuais, mais tarde conhecidos como Geração de 37. De fato, o autor foi um dos líderes da oposição ferrenha à ditadura de Rosas no final da década de 1830, a chamada Revolução Liberal.

O autor e o contexto histórico-literário

Nasceu em Buenos Aires, no ano de 1805, filho de pai biscaínho e mãe portenha. Figura mais importante do romantismo hispano-americano, freqüentou o Colégio de Ciências Morais, cujo curso foi forçado a interromper para empregar-se como despachante aduaneiro. Subitamente, antes de completar vinte e um anos, partiu para Paris em busca de ambiente intelectual intenso, e ali permaneceu até 1830. Estudou matemática, física, filosofia e sociologia, mas encantou-se realmente pelo romantismo, quando começou a ler os grandes poetas ingleses, franceses e alemães da época, o que lhe despertou a vontade de escrever versos.

Volta a Buenos Aires em 1830 para juntar-se aos jovens de sua geração e, em 1837, chega à celebridade com a edição do volume das Rimas, onde figurava o poema La cautiva. Em 1838 colabora para a fundação da Asociación de Mayo, que difundiu o liberalismo, a ilustração e o romantismo (conseqüência de sua estada na Europa) pela Argentina e por outras partes da Hispano-América. Essa Asociación tinha um objetivo suprapartidário, ou seja, “... um programa nacional acima dos partidos e ligado à tradição de 1810...” (BANDEIRA, 1960, p.92), posição esta, aliás, que não foi cumprida à risca, como veremos mais tarde. Posteriormente escreveu EL dogma socialista (título que se deve entender como “credo social”), publicado em 1846, que tinha como conteúdo a declaração dos princípios que constituíam a República da Argentina.

Em 1840, depois de fracassado um movimento revolucionário contra Rosas, se vê obrigado a fugir, partindo para Montevidéu, “... capital do Uruguai, tornada o baluarte de resistência contra Rosas...” (Op.cit., p.92) onde morreu onze anos depois, não chegando a ter o prazer de ver sua pátria redimida de acordo com seus ideais, pois faleceu quando começava a ofensiva de Urquiza contra Rosas.

El Matadero na história e a história em El Matadero

Uma das principais questões que norteiam este trabalho, conforme anunciamos anteriormente, diz respeito à aproximação entre a obra e o contexto na qual a mesma se insere, preocupação que nos leva à própria resposta histórica ao conto. Neste ponto, poderíamos nos questionar sobre o caráter recíproco de ambos, afinal, El Matadero foi publicado postumamente, não chegando a circular entre o público da época, não gerando, portanto, uma resposta (ou ação) positiva ou negativa em seu momento histórico.

Não obstante, poderíamos nos perguntar: esse questionamento está correto? Parece-nos que não, pois apesar de não publicado de imediato, as idéias contidas no texto são as correntes entre os intelectuais da oposição a Rosas, e este conto, recordemos, é obra do líder dessa geração de opositores. Assim, mesmo que não tenha sido lido contemporaneamente à sua composição, as idéias intrínsecas ao texto remetem-nos àquele momento, e, mais tarde, como já dito nesse trabalho, seus valores foram muito bem apreciados, de tal forma que chega a ser considerado uma das principais obras argentinas, tal é o esmero de seu acabamento textual, bem como seu vigor e audácia, elementos que chegam “...ao ponto de iniciar o realismo...” (JOSEF, 1971, p.66), isto é, antecipando as características do ulterior movimento estético-filosófico. Deste modo, esta obra de tamanho valor cultural, social e político, entra para história para ser lida e apreciada, tendo o objetivo de nos mostrar os erros do passado, para que sejam interpretados e não repetidos.

Toda a audácia e vigor encontrados neste conto hispano-americano, apesar de inserido no romantismo (tanto nas idéias quanto na estrutura discursiva), possuem forte teor realista. Isto se explica pela necessidade do autor de explanar e denunciar o séqüito que apoiava o governo despótico de Rosas. Daí sua intenção claramente político/reformista. É diferente de tudo o que se havia escrito até então pela necessidade de se criar um clima, uma atmosfera (pathos) pintoresca/grotesca, usando, portanto, uma linguagem que plasmasse tal realidade, assim como as abjeções das cenas que são próprias do naturalismo: deste modo, o autor, “avant la lettre”, não só cria o modelo do conto, mas inicia uma nova linguagem. Anderson Imbert ao comentar alguns trechos, que veremos adiante, do conto, nos mostra todos esses elementos mencionados acima:

“de repente algunas figuras cobran vida y el cuadro se convierte en un cuento.  Entonces, a pesar de las inmundicias de la descripción [realismo/naturalismo] se hacen visibles los esquemas románticos: el contraste entre la nota horrorosa del niño degollado y la nota humorística del inglés revolcado en el fango; (...) un aura de desgracia, fatalidad, muerte; embellecer literariamente la fealdad de la chusma al compararla con fealdades fabulosas” (1995, p.242-43)

O conto El Matadero é uma das grandes metáforas argentinas, “... narra um episodio sangrento da ‘mazorca’[3] de Rosas no ambiente do matadouro de Buenos Aires...” (BANDEIRA, 1960, p.94). Essa metáfora, no entanto, não pode ser considerada apenas por esse episódio, isto porque é possível identificar várias referências no texto sobre o desenrolar histórico no governo rosista. Caracterizado pelo uso constante de ironia, o texto de Echeverría permite-nos perceber constantes menções à história, aliás, desde o seu início percebemos a relação do texto com seu contexto, como por exemplo:

“A pesar de que la mía es historia, no la empezaré por el arca de Noé y la genealogía de sus ascendientes como acostumbraban hacerlo los antiguos historiadores españoles de América que deben ser nuestros prototipos”(ECHEVERRÍA, 1972, p. 294).

Neste trecho podemos perceber como se encaixa a narração ao momento que vinha passando a sociedade e a literatura na Argentina. Quando Echeverría se refere ao seu conto como história, encontramos um caráter de fundo ambíguo, afinal ele narra atos de violência reais que vinham sendo praticados pela “mazorca” de Rosas, mas dentro de uma metáfora, ou seja, encontramos um caráter social e ficcional. Este caráter é característica da literatura romântica que estava em ascensão na Hispano-América, que era favorecida pela grande e histórica instabilidade política americana, que se intensificou ulteriormente à independência, haja vista que não tínhamos ainda naquele momento Estados nacionais concretamente estabelecidos.

O próprio autor diz que esse trabalho será feito de modo diferente dos antigos (caracterizando outra forma literária), como vimos no trecho já citado do conto e, podemos assim confirmar que se tratava de tal movimento romântico. Na própria seqüência do conto que diz “Diré solamente que los sucesos de mi narración pasaban por los años de Cristo de 183...” (ECHEVERRÍA, 1972, p. 294), concluímos que se trata da década do crescente movimento romântico de fundo oposicionista.

A partir daqui, saindo por um momento do ambiente cultural da discussão, claro que relativamente, já que o estudo trata de um texto literário, vamos procurar analisar a obra tentando encaixá-la cronologicamente aos fatos que vinham ocorrendo na época, por isso, às vezes será necessário recortar o conto para que assim ele se torne inteligível à medida que passemos a relatar a história.

No entanto, importa aqui fazer uma breve exposição do andamento histórico anterior ao início do conto de Echeverría, para que não analisemos apenas o recorte temporal ao qual se prendeu o autor, facilitando assim o entendimento de como a história argentina chegou naquele momento a deparar-se com a dura ditadura de Juan Manuel Rosas.

Da Independência a Rosas

Após a independência da Argentina, processo iniciado desde a revolução de maio de 1810 e formalizado em 9 de julho de 1816 com veemente participação militar de  San Martín, começou na Argentina uma guerra civil que duraria anos a fio, entre federalistas e unitários.  Esta disputa é a base da nossa discussão em El Matadero, pois esse é o contexto em que está inserida a obra.

Os federalistas (entre eles Rosas), eram fazendeiros conservadores que obtinham poder regional com apoio popular e queriam uma autonomia provinciana. Os unitários eram a parte burguesa de Buenos Aires que tinha seus interesses no comércio exterior e buscava um governo centrado na cidade, onde estava o porto, defendendo o capital europeu, a vinda de imigrantes e as idéias ilustradas européias. Apesar de parecer que o foco da guerra realmente estava entre essas duas camadas, vamos perceber na evolução histórica dos fatos, que a principal disputa sempre esteve entre a província de Buenos Aires e as outras regiões argentinas (interior e litoral). Isto se prova quando Rosas (federalista) chega ao poder e não consegue impedir que continuem do mesmo modo os desentendimentos entre essas regiões que sempre buscavam se sobrepor umas às outras.

Essa disputa acaba desembocando na primeira carta constitucional sancionada em 1819, que continha todos os elementos para acomodar um regime monárquico, regime este que se encaixava aos ideais unitários. Porém essa ação não foi muito longe, pois os caudilhos do litoral, em 1 de fevereiro de 1820, derrubaram o governo, e assim se deu início a um longo período de domínio das províncias.

Após esse domínio dos caudilhos, cria-se em 1826 o cargo de presidente, ocupado por Rivadavia. Foi um breve período que durou até 1827, isto porque os caudilhos das províncias não se entendiam[4], causando certa instabilidade política. Neste momento a força de Buenos Aires se faz sentir, e em 1928 a Junta de Representantes dessa província elege como governador Manuel Dorrego. Este defendia a guerra com o Brasil (tinha como motivo a disputa pela Banda Oriental – atual Uruguai) e era muito criticado pelos unitários por causa disso, levando esses burgueses a dar um golpe que derrubou o governo no final de 1828.

Rosas aparece nesse instante, e, muito arguto, vê que poderia aproveitar em seu benefício o apoio popular que Dorrego havia conquistado, como mostra Túlio Halperin Donghi:

“Pero vio también en la movilización popular, convenientemente encauzada, un antídoto contra esos peligros, y esto por dos razones. En primer lugar, porque el dirigente que lograse orientar en su provecho esa movilización tendría tal ventaja sobre sus posibles rivales o aliados que su predominio se afirmaría sin dar lugar a conflictos demasiado intensos: sencillamente, no habría fuerza suficiente para oponérsele eficazmente. En segundo término, si ese dirigente estaba dispuesto a restaurar el orden amenazado, su séquito popular podría ser utilizado para ello…” (1972, p. 303)

Utilizando-se desses pensamentos, Rosas impulsiona novas eleições, que são fraudadas num primeiro momento pelos unitários, mas logo depois refeitas, e agora com a perda de legitimidade dos adversários (devido à fraude), Rosas vence e assume o governo da província de Buenos Aires.

No primeiro governo de Rosas, a política parece estar voltada para servir à indústria pecuária de Buenos Aires, no entanto, o comportamento dos caudilhos tornava-se mais narcisista do que parecia, isto porque caudilhos como Quiroga e Rosas “... no defendían el sistema federalista sino sua estancias y sus vacas”. Ambas as motivações, o federalismo e o personalismo, estavam presentes, e o que importa salientar é que Rosas atendia às reivindicações apenas de uma das classes em pugna, o que geraria todo o problema do governo de Rosas, que mais tarde seria tratado em El Matadero.

História e metáfora em El Matadero

Neste momento começaremos a tratar do período em que se encaixa o conto de Echeverría, já que depois do primeiro governo de Rosas há uma nova querela pelo cargo de chefia de Buenos Aires que seria disputado entre Rosas de um lado e Balcarce e o ministro Martínez de outro. Esse período em que Rosas ficou afastado do governo se deu entre 1832 e 1835 e, a partir daí, começamos a fazer menção de El Matadero, isto porque Echeverría menciona este período de disputas eleitorais no seguinte trecho:

“’Viva la Federación’, ‘Viva el Restaurador y la heroica doña Encarnación Ezcurra’, ‘Mueran los salvajes unitarios’… Pero algunos lectores no sabrán que la tal heroína es la difunta esposa del Restaurador, patrona muy querida de los carniceros, quienes, ya muerta, la veneraban por sus virtudes cristianas y su federal heroísmo en la revolución contra Balcarce” (1972, p. 297).

Podemos perceber que este recorte do texto está relacionado às disputas eleitorais que ocorreram durante o período de afastamento de Rosas, e nesse ínterim “Gracias a Ercarnación Ezcurra el rosismo podrá contar... no sólo con el apoyo de las clases propietarias… sino también con la adhesión más activa de la plebe federal…” (DONGHI, 1972, p.320), isto porque essa mulher (esposa de Rosas) teve  grande atuação política nesse momento. Contudo, foi eleito pela Legislatura o general Viamonte, que renuncia em 1834. Com a mesma rapidez assume e abandona o governo o presidente da Legislatura, o doutor Maza[5]. Ambos não se mantiveram no cargo devido ao apoio popular que Rosas possuía, o que gerou grande pressão sobre esses governos através da Sociedade Popular, organização rosista que vigiava os atos governamentais de perto e que acusava o antigo governador de não atender às reivindicações rosistas.

A situação já estava difícil para o novo governador (Maza), e piora quando em 1835 Facundo Quiroga é assassinado fazendo com que as crises no interior se acentuem. Diante dos fatos, a Legislatura não vê outra saída, e concede a Rosas todo poder que ele sempre desejou, lhe dando além do direito às faculdades extraordinárias, que consistia em não limitar suas atribuições, faculdades legislativas e judiciárias. Neste momento começa o período conhecido como a ditadura de Rosas, sendo que este agora poderia intervir como quisesse no equilíbrio político de várias províncias.

Rosas faz um governo voltado aos interesses da pecuária e da indústria de charque de Buenos Aires (interesse pessoal e de classe), fazendo com que haja algumas divergências com caudilhos de outras províncias por ficarem de fora do núcleo que se beneficia com a política econômica, e também com os unitários, que queriam um estímulo ao comércio e às relações internacionais que não se limitassem à exportação de charque. Neste momento o governo enfrenta um outro problema, agora de ordem natural, as secas, que se espalham pelo país entre 1835-36, seguidas de inundações, fato que seria lembrado por Echeverría em vários trechos do conto e delas poderíamos tirar inúmeras considerações:

“Estábamos, a más, em cuaresma, época en que escasea la carne em Buenos Aires, porque la Iglesia... ordena vigilia y abstinencia a los estómagos fieles a causa de que la carne es pecaminosa...” (1972, p. 294).

Pode-se reparar que esse trocadilho do autor, a ‘cuaresma’, se remete ao período de secas da Argentina, cujo estoque de carne caiu, fazendo com que os peões e a pequena propriedade empobrecessem. Este empobrecimento se deve à política econômica adotada por Rosas que como já dito se interessava apenas por bons resultados econômicos da província. No entanto, como na boa justificativa religiosa do texto (a ‘cuaresma’), o governador também possuía as suas, pois tinha apoio popular e promovia um governo populista, alegando que aquela economia seria a ideal para a província, e que a ação dos federalistas estava correta, como veremos neste trecho:

“Los abastecedores, por otra parte, buenos federales, y por lo mismo buenos católicos, sabiendo que el pueblo de Buenos Aires atesora una docilidad singular para someterse a toda especie de mandamiento, sólo traen en días cuaresmales al matadero los novillos necesarios para el sustento de los niños y los enfermos…” (Op.cit., 1972, p.295).

Assim sendo, logo depois Echeverría coloca os motivos alegados pelos federais sobre a crise e as inundações que levaram à Argentina dias preocupantes:

“...algunos herejotes, que no faltan, dispuestos siempre a violar los mandamientos carnificinos de la Igesia, y a contaminar la sociedad con el mal ejemplo.

Sucedió, pues, en aquel tiempo, una lluvia muy copiosa. Los caminos se anegaron; los pantanos se pusieron a nado y las calles de entrada y salida a la ciudad rebosaban en acuoso barro.”(Idem, p. 294).

“…¡Ay de vosotros, pecadores! ¡Ay de vosotros unitarios impíos que os mofáis de la Iglesia, de los santos, y no escucháis con veneración la palabra de los ungidos del Señor!”(Idem, p. 295).

Fica claro que o autor faz referência às criticas dos unitários em relação à política de Rosas. Afinal, não gostavam da proteção dada à carne para exportação e reivindicavam apoio ao comércio burguês. Assim os federais jogavam a culpa da crise econômica aos unitários que não davam apoio ao governo, fazendo com que o encaminhamento da economia esbarrasse em oposições (no texto usa as inundações como se fossem castigos pelas heresias dos infiéis) e não se desenvolvesse. Deste modo, veio o castigo por culpa das ações dos unitários, que foram acusados pelo povo e governo no que diz respeito aos problemas da província, e isto por não obedecer nem venerar ao ‘Señor’ (Rosas).

Daí por diante, como conseqüência da oposição ao governo rosista, surge com força a “mazorca”, a fim de conter as críticas ao governo. “Ese terror, que aparece y se afirma en la segunda parte de la década del 30…” (DONGHI, 1972, p.307) será mostrado por Echeverría em dois trechos:

“... pero lo más notable que sucedió fue el fallecimiento casi repentino de unos cuantos gringos herejes que cometieron el desacato de darse un hartazgo de chorizos de Extremadura, jamón y bacalao, y se fueron al otro mundo a pagar el pecado cometido por tan abominable promiscuación.”(1972, p.296)

“…atribuyéndolos a los mismos salvajes unitarios, cuyas impiedades, según los predicadores federales, habían traído sobre el país la inundación de la cólera divina; tomó activas providencias, desparramó a sus esbirros por la población…” (Ibidem, p.296)

Notamos ironia de Echeverría no primeiro trecho ao dizer ‘casi repentino’, como se não houvesse uma força direta atuando nestas mortes, ou seja, as ordens de Rosas para que punissem os opositores de seus mandamentos. Já no segundo trecho, fala de maneira direta ao mencionar os capangas do governo, ou seja, a “mazorca” (esbirros), que já estavam em franca atividade de repressão.

Dessa repressão citada no conto, passamos para a comparação que o autor faz da Argentina a um matadouro, pois foi nisso que se transformou esse país a  partir das ações autoritárias ordenadas por Rosas:

“En la casilla se hace la recaudación del impuesto de corrales, se cobran las multas por violación de reglamentos y se sienta el juez del matadero, personaje importante, caudillo de los carniceros y que ejerce la suma del poder en aquella pequeña república, por delegación del Restaurador”(Idem, p.297).

Vê-se deste modo a clara comparação com a Argentina ao dar ao matadouro um cargo de chefia política interna, comandada por um caudilho, ou melhor, um ‘Restaurador’, deixando clara  a referência que faz a Rosas dentro da sua Buenos Aires, neste caso, o matadouro.

As cenas de horror então começam a ser narradas por Echeverría como a metafórica matança realizada pelos carniceiros (“mazorca”). Esta ação é descrita na subseqüente passagem do conto:

“Pero a medida que adelantaba, la perspectiva variaba; los grupos se deshacían, venían a formarse tomando diversas actitudes y se desparramaban corriendo… Esto era que... el carnicero en un grupo descuartizaba a golpe de hacha, colgaba en otros los cuartos en los ganchos de su carreta, despellejaba en éste… lo que originaba gritos y explosión de cólera del carnicero…” (Idem, p.298).

Antes de chegar ao ponto alto do conto, Echeverría sutilmente faz menção ainda a outra querela que passava o governo de Rosas. Era o enfrentamento com a Inglaterra e a França no que diz respeito a problemas políticos. Rosas queria limitar a influência econômica desses países em seu território, o que lhe valeu um bloqueio portuário em Buenos Aires. Echeverría, para descrever esse problema usa uma perseguição que estava sendo feita a uma rês, que na fuga derruba um inglês que estava a cavalo, terminando essa passagem da seguinte maneira:

“Este accidente, sin embargo, no detuvo ni frenó la carrera de los perseguidores del toro, antes al contrario, soltando carcajadas sarcásticas: ‘Se amoló el gringo; levántate gringo’ – exclamaron, cruzando el pantano, y amasando con barro bajo las patas de sus caballos su miserable cuerpo.”(Idem, p.300-301).

Percebemos portanto, em que nível estava o relacionamento das nações estrangeiras (principalmente Inglaterra) com o governo argentino, posto que os ‘carniceros’ chegaram a atropelar o gringo com os cavalos, tratando a situação pandegamente.

A partir de agora passaremos a tratar, ao meu ver, a parte genial do conto de Echeverría, na qual o autor fará a comparação direta do matadouro com a República Argentina. Como se relatasse dois fatos que não estão ligados entre si, Echeverría primeiro narra a perseguição a um touro feita pelos carniceiros até que o capturam, e a partir daí começam a maltratá-lo, levando-o a morte. Logo depois, fala do encontro desses carniceiros com um unitário, e narra praticamente do mesmo modo que no trato ao touro a continuação desse embate.

O interessante disto, é que, da mesma maneira que o touro resiste à captura, o unitário também o faz, até que lhe falte forças, ocasionando seu falecimento. Essa relação do touro com o unitário já estava presente no texto quando alguém faz um comentário a respeito do comportamento do animal: “– Es emperrado y arisco como un unitario” (Idem, p.300). Para que fique mais claro esse espelho que foi a situação do animal e do homem, escolhi dois trechos, já que ficaria muito cansativa a leitura caso reproduzisse todo o relato:

“Enlazaron muy luego por las astas al animal, que brincaba haciendo hincapié y lanzando roncos bramidos. Echáronle uno, dos, tres piales; pero infructuosos: al cuarto quedó prendido en una pata: su brío y su furia redoblaron; su lengua, estirándose convulsiva, arrojaba espuma, su nariz humo, sus ojos miradas encendidas.”(Idem, p.301).

“El joven, en efecto, estaba fuera de sí de cólera. Todo su cuerpo parecía estar en convulsión. Su pálido y amoratado rostro, su voz, su labio trémulo,, mostraban el movimiento convulsivo de su corazón, la agitación de sus nervios. Sus ojos de fuego parecían salirse de la órbita, su negro y lacio cabello se levantaba erizado. Su cuello desnudo y la pechera de su camisa dejaban entrever el latido violento de sus arterias y la respiración anhelante de sus pulmones.”(Idem, p.303).

Percebemos nitidamente a parecença das situações, e conseqüentemente, de como o autor, para fazer a sua crítica à ditadura rosista, primeiro descreve o ambiente de uma matança num matadouro, e em seguida o tratamento dado aos unitários naquele mesmo local, ou seja, a Argentina de Rosas. Sendo assim, parece-me clara a censura realizada por Echeverría, assim como clara também está a sua comparação da Argentina a um lugar carniceiro e desumano.

Depois de narradas essas perseguições e mortes, conseguimos perceber a tendência positiva do conto em relação aos unitários e, assim sendo, podemos fazer algumas considerações histórico-literárias importantes já que, como dito acima, a Geração de 37 tinha uma ideologia suprapartidária. Valho-me aqui, de que não obstante essa ideologia, percebemos nas entre linhas de El Matadero uma defesa aberta aos unitários, como no trecho em que alguém diz “ – Reventó de rabia el salvaje unitário - dijo uno.”(Idem, p.304). O autor deixa clara a idéia de que o unitário ‘Reventó’, porém não se entregou, mostrando a valentia desse homem, assim como a do touro.

Esta idéia não é vista somente nas entre linhas, posto que, no último parágrafo do conto, Echeverría defende as qualidades unitárias abertamente e execra os federalistas, franqueando a sua posição no que diz respeito a esse conflito partidário, como notamos no seguinte trecho:

“Llamaban ellos salvaje unitario, conforme a la jerga inventada por el Restaurador, patrón de la cofradía, a todo el que no era degollador, carnicero, ni salvaje, ni ladrón; a todo hombre decente y de corazón bien puesto, a todo patriota ilustrado amigo de las luces y de la libertad...”(Ibidem, p.304).

E complementa essa defesa dos ideais unitarios (ideais burgueses) e o próprio texto, firmando seu objetivo ‘metafórico’, escrevendo: “... y por el suceso anterior puede verse a las claras que el foco de la federación estaba en el matadero.”(Ibidem, p.304)

Esta observada disfunção ideológica da geração de 37 (neste caso de Echeverría), permite-nos entender que a visão desse grupo de intelectuais acabou tomando apenas uma linha de pensamento, a dos unitários, o que não nos surpreende, já que essa corrente romântica hispanoamericana é reflexo da mesma corrente na Europa, local das luzes e do ideal burguês de livre comércio, valores estes defendidos pelos intelectuais da América espanhola.

Esta tendência unitarista, no entanto, permite-nos notar algumas importantes mudanças no romantismo, como o caráter político e oposicionista que tomou na Hispano-América devido às situações favoráveis para essa característica, tais como a necessidade da criação de fronteiras, culturas e Estado Nacionais, autônomos no que se refere a sua gerência, para que pudessem assim, propiciar paulatinamente as bases para a instauração de uma sociedade burguesa. Também, foi um processo que a Europa havia passado pouco tempo antes e, que, aliás, não estava terminado, como nos casos da Alemanha e Itália que se unificariam apenas em 1871. Portanto, esse movimento literário, contaminado com essas mencionadas necessidades, se encheu de paixão na escrita, o que nos deixa notar nos textos, destacada força emotiva em detrimento da razão.

Deste modo, esses intelectuais adotaram uma visão linear da sociedade, baseada na contradição entre civilização e barbárie. Este fato notar-se-á no conto, pois todo e qualquer apoio a Rosas era criticado, inclusive o apoio popular, o próprio povo chamado de ‘chusma’ (animais selvagens). Já os unitários, os ‘gallardos’, ou seja, os elegantes e bem postos homens, eram fielmente protegidos por essa corrente intelectual, como bem anota Jaime Alazraki ao dizer: “... veían en los primeiros la encarnación de la barbárie, y en los segundos a los representantes de la civilización”.(1994, p.343).

Diante dessa visão linear nem um pouco flexível em relação ao governo rosista, surge uma nova corrente de interpretações da história da Argentina, os revisionistas, que teria uma visão contrária sobre o governo de Rosas, não se fixando apenas aos ideais burgueses e unitários, o que dividirá “... o país em duas correntes políticas, rosistas e anti-rosistas. Parte importante da historiografia argentina trilhará essa mesma senda, atribuindo ao caudilho qualidades extraordinárias ou os mais detestáveis e bárbaros crimes.” (PRADO, 1987, p.38).

O grande problema é que esta nova historiografia acabou por seguir o mesmo caminho que a anterior, só que voltada para outra direção – a defesa de Rosas, quando indiscutivelmente, uma análise histórica deveria possuir uma visão mais neutra e abrangente e, assim, conseguir observar que esses dois partidos contrastantes da época tinham a mesma mesquinha e histórica finalidade, conquistar todo o poder em suas mãos, mesmo que em certas ocasiões, em momentos decisivos, ambas as classes tivessem que se convergir em pensamento em detrimento das camadas inferiores. Esta característica também é anotada por Jaime Alazraki:

“Las dos clases estuvieron de acuerdo en que había que exterminar a los indios para desposeerlos de sus tierras o convertirlos en carne de cañón y en que había que obligar al gaucho a ser peón de estancia o soldado.” (1994, p. 348).

Mais tarde, até mesmo um dos membros da Geração de 37 fará a seguinte observação:

“Alberdi definía, así, las dos formas que asumirá la dictadura en Hispanoamérica: el despotismo cerril, bárbaro, de tradición hispana, que defendía el statu quo de la colonia; y el despotismo ilustrado que se escudaba en la civilización y en el proyecto liberal utópico. De las dos maneras la gran mayoría, el pueblo, salía perdiendo.” (Op.cit., p. 349).

Vê-se, assim, que essa forma de literatura romântica, importada da Europa, apresenta diferenças em relação ao modelo, pois “Desde esas ópticas, todo aquello que era parte del ser nacional (indios, gauchos, negros, montoneras, tradición hispánica) era condenado y tachado de bárbaro” (Idem, p.356). E neste ponto, El Matadero foi um conto de caráter duvidoso, assim como o movimento romântico na América, posto que, de certa forma, buscou legitimar as atitudes injustificáveis praticadas contra a ‘chusma’ ao mesmo tempo em que foi usado como instrumento político em favor dos ideais burgueses. Para corroborar essa deficiência no estilo romântico hispano-americano de escrita, vejamos o filósofo Slavoj Zizek ao falar numa de suas conferências sobre o conto El Matadero:

“Si alguna vez existió una obra racista, totalmente despreciativa de la gente común, es ésta. Por supuesto que oficialmente es una protesta contra la tiranía de Rosas, pero en realidad el foco está puesto en la descripción de los habitantes del matadero, con esos sucios y bárbaros hábitos, la cruenta manera en que matan a los animales. La gran queja contra Rosas no es tanto que fuera un tirano, sino cómo podía reunirse y codearse con lo más bajo de la sociedad. Porque, y ustedes lo sabrán mejor que yo, la gente de la Mazorca era pobre, aunque bendecida” (Fonte:PÁGINA/12.2004).

Destarte, os mais recentes historiadores vêem tentando analisar de maneira imparcial as ações desses partidos, para que não caiam no erro de defender apenas uma linha partidária sem levar em conta as suas debilidades. Sendo assim, nessa corrente de pensamento, pode-se ter visão real e imune de parcialidade ao analisarmos a ditadura rosista, como bem observa José Luis Bendicho Beired ao dizer que “... Rosas não foi um bárbaro, mas antes um político engenhoso. De forma autoritária, soube atender aos interesses do seu grupo social, os terratenentes, contando com uma base popular de apoio”.(1996, p.38).

Deste modo, após a breve análise do conto El Matadero e sua respectiva inserção na história, podemos concluir que apesar de realmente ter sido muito duro e cruel o governo de Rosas, não podemos analisar a história apenas por um caminho ideológico, sem antes encaixá-la no seu contexto social, econômico e cultural, para que assim possamos ter uma visão ampla dos acontecimentos e manifestações históricas, analisando suas conseqüências e resultados diante de todas as camadas sociais de uma mesma época.

Além disso, não podemos, como historiadores, nos alinhar irresponsavelmente a uma determinada corrente política, renegando nossas obrigações intelectuais e sociais perante a sociedade; ao contrário, devemos extrair os conhecimentos e experiências gerados por essa etapa ‘matadouro’ da história da Argentina, para que assim possamos transmitir o mais verossimilmente possível os processos e transformações históricas ocorridos no período em questão.

 _____________

BIBLIOGRAFIA

ALAZRAKI, Jaime. Los Nuevos Modos de Expresión: la novela: El caso de Argentina,  In PIZARRO, Ana.  América Latina: Palavra, Literatura e Cultura. Vol. 2. Campinas: Ed. Unicamp, 1994, p.339-357.

BANDEIRA, Manuel. Literatura Hispano-Americana. Rio de Janeiro: Ed Fundo de Cultura S.A, 1960.

BEIRED, José Luis Bendicho. Breve história da Argentina. São Paulo: Ed. Ática, 1996.

DONGHI, Túlio Halperin. Historia Argentina: de la revolución de independencia a la confederación rosista. Buenos Aires: Ed. Paidos, 1972.

ECHEVERRÍA, Esteban. El Matadero. In GÓMEZ-GIL, Orlando. Literatura Hispanoamericana. New York: Holt Rinehart & Winston, 1972, p. 294-304.

IMBERT, Anderson. Historia de la literatura hispanoamericana, México: FCE, 1995

JOSEF, Bella. História da Literatura Hispano-Americana. Petrópolis: Ed. Vozes Ltda, 1971.

MARTIN, Gerald. A Literatura, a Música e a Arte na América Latina da Independência a 1870. In BETHELL, Leslie. História da América Latina. Vol.3: Da Independência até 1870. São Paulo: Edusp, 2001, p.829-874.

MENTON, Seymour. El Cuento Hispanoamericano: antología crítico-histórica. México, D.F: Fondo De Cultura Económica, 1991, p. 7-33.

PRADO, Maria Ligia. A formação das nações latino-americanas. São Paulo: Ed. Atual, 1987.

JORNAIS

PÁGINA/12, 4 maio de 2004. Disponível em: <http://www.pagina12web.com.ar/diario/espectaculos/6-34862-2004-05-04.html>. Acesso em 8 de março de 2005.

Clique e cadastre-se para receber os informes de atualização da Revista Urutágua

[1]  Ainda que as fantasias exóticas do cubano Heredia no início do século XIX possam ser consideradas como precursoras do gênero, El Matadero, de Echeverría, é considerado o primeiro que reflete de forma original a realidade latino-americana.

[2] Domingo Faustino Sarmiento (1811-1888), político e escritor argentino, primeiro presidente civil da República (1968-1974), repousa entre as figuras latino-americanas mais ilustres do século XIX. Entre suas obras mais importantes destacam-se: Facundo, civilización y barbarie (1845) e Conflitos y armonías de las razas en América (1883).

[3] Mazorca era uma espécie de polícia política de Rosas, usada para amedrontar seus opositores. Recebeu esta denominação devido à característica violenta do governo rosista, cujos adversários eram constantemente enforcados, por isso em espanhol ‘más horca’ (mazorca).

[4] O desentendimento nesse momento se dava entre as províncias de La Rioja (Quiroga), Córdoba (José Maria Paz) e as autoridades de Buenos Aires.

[5] O doutor Maza se viu obrigado a assumir o cargo de governador porque Rosas não havia aceitado tal posição antes, pois se recusava a assumir o cargo sem ter o direito de faculdades extraordinárias.

 

©Copyright 2001/2005 - Revista Urutágua - revista acadêmica multidisciplinar
 Centro de Estudos Sobre Intolerância - Maurício Tragtenberg

Departamento de Ciências Sociais
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Av. Colombo, 5790 - Campus Universitário
87020-900 - Maringá/PR - Brasil - Email: rev-urutagua@uem.br 

Publicada em 03.12.04 - Última atualização: 02 maio, 2005.