VINICIUS SUZUKI

Acadêmico em Ciências Sociais na Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Sustentar à vida

 

Cadê os pilares que estavam aqui?

Questionamento tardio,

Porém, não tão tardio

Quanto ao seu suicídio.

 

Tudo se ruiu e

Afundou como um navio,

Tudo se ruiu num simples

Sopro que se fez o assobio.

 

O que me resta agora?

Um fardo para sustentar,

Algo que o ceifador possa alegar

Para tentar me matar.

 

Nada está

Prestes a se acabar,

Nada será resolvido

Se eu me afogar.

 

Toda esta ruína que se tornou obstáculo,

Destruirei e

Mostrarei os restígios

Como forma de aprendizado.

 

Malgrado tanta advertência

No meio de tanta sujeira,

Descubro novos pilares,

Que possam sustentar a miséria de minha existência!

 

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Resistência

 

Sou uma pequena ilha

Cercada por um grande

Oceano de idéias.

 

As ondas dos lamentos

Quebram em minha praia,

Não posso fazer nada.

 

Apesar do sol escaldante,

Os seres vivos desta ilha

Continuam a sobreviver.

 

E assim como estes seres vivos,

Precisamos nos manter vivos

Para um dia poder fazer acontecer.

 

Em algum tempo, eu poderei dizer:

Nesta ilha há de chover!

 

O legado ainda sobrevive.

Estruturas

 

Aqui não há estrutura.

As idéias que se formam

São jogadas e

Entram no seu ouvido

Como pedras de granizo.

 

O que penso e sinto,

Não pode ser resumido

Por um olhar torto

A algo que só serve de adorno.

 

Apesar das refutações,

Continuo a fazer

O que tem que ser feito,

Sem um pingo de virtuosidade,

Porém, com toda a sensibilidade.

 

As estruturas,

Eu deixo

Para os momentos

De arquitetura.

O Beduíno

 

Eu gostaria de viver assim,

De poder dizer sim.

 

Mas há algo

Que me restringe,

Assim como o enigma da esfinge.

 

Tento subir muros

Maiores que seus absurdos,

Para suprimir esta dor.

Tornei-me um escalador.

 

Digo sim ou digo não,

Faço isto ou faço aquilo?

Não sou perito,

Sou um simples sobrevivente,

Assim como um beduíno.

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Boemia

 

A antiga boemia,

É que inspira a construção

Desta poesia.

 

A nossa garrafa de levedo

Não se compara a tuberculose

De Álvares de Azevedo.

Porém,

Não é o Romantismo que sustenta

O nosso etilismo, e sim,

A realidade,

Que nos faz percorrer os bares da cidade.

 

Uma noite fria que se torna dia,

É desta forma que a idéia

Ganha suas formas.

 

Um cigarro e um trago,

Um copo de melancolismo

E todos os lamentos

São derramados através de saudosismo.

 

Malandros eruditos,

Rebeldes depressivos,

Estes são os elementos

Que compõe os meus amigos.

 

De mesa em mesa,

Ficaram as seqüelas em minha cabeça.

Seqüela ou lembrança passada?

Tanto faz,

Eu acordei de ressaca!

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Última atualização: 03 dezembro, 2004.